A dor do nada
Todos os dias pergunto a mim mesmo: o que aconteceu com a visão de minha adolescência? Pareço ter vivido uma desconstrução de minha própria vida. Antes, apesar de criar fantasias depressivas, ser perseguido por fantasmas carnívoros, vivia contente. Não sou um veterano dessa guerra psicológica, ainda estou dando meus jovens passos. Porém, sempre fui rodeado por veteranos dessa guerra, pelo menos acreditava. Fui tapeado. A cada dia o mundo se torna mais carente da verdade, da pureza. O complicado é viver às cegas e nunca ter um roteiro pré-definido do que será de sua vida, de quem realmente o acompanha. Ora, você admira alguém; ora, odeia ou desconfia do mesmo. Quem somos? Fui adolescente submerso na mentira? Tantos segredos compartilhados, aventuras vivenciadas, mistérios e sorrisos vividos em consonância. Por toda minha vida acreditei estar no lugar certo. "Os filmes, os romances, as musicas podem tratar da realidade", pensava. Bobo sou. Ninguém é aquilo que de fato imaginamos. Meus irmãos mais velhos? Não são o que sempre acreditei. Agora, bom, estou perdido, nem sei mais o que fazer. Vivi tão bem em um meio, sentia uma barreira forte, confiança tão ardente quanto os milagres jorrados da luz solar. Agora olho para trás e não enxergo mais nada, apenas escuridão. Meu próprio ciclo de proteção, com ladainhas tão cruéis, vão me causar aquilo que mais temi? Qual a ganância nisso tudo? Somos tão humanos ao ponto de sermos covardes. Esquecemos valores? A pureza e o sentido da amizade nunca existiu? Estive preso numa caverna esse tempo todo? Acreditei ter fugido dela há anos, mas na verdade nunca sai. A cada dia sinto sentimentos que nunca tive antes, a angustia consome essa vida pacata. Queria o laço diferente, ver a esperança nele, a mudança. No fim, não conhecemos nada.