I-LXIX Jaezes de vida e morte
Tal azar que se apega aos homens que fazem de tudo ruim, sempre deu sorte a mim.
Temo ter que dizer o pouco que guardei, temo fracassar ao inventar o que não presenciei.
Cultuaria ter prazer no meu hábito de perder tantos negócios sujos que não sei manter.
Far-me-ia menos tolo, mais crente em gestos de outros.
Estive por baixo preparando algo profano,
devolvendo ao mundo o que me restou como humano.
Assim a realidade se esforça em levar-me embora,
tornando-me inabitável por tão quente estar lá fora.
Às besteiras que me fazem canalha,
pesando hoje sobre homens com esperanças frágeis como a alma,
dou-me sempre sem quaisquer lágrimas.
Sei que não sei, e jamais permitir-me-ei saber se nos tornamos algo além,
é esta a ideia que me faz temer o futuro com quem me tem.