A Fome.

Nos inúmeros cenários de nosso cotidiano, a fome esta em todos os pontos, nas marquises, nas praças e.t.c...

No devido ponto em que eu pego a condução para ir ao trabalho, uma silhueta, um errante, desgarrado de suas origens, apagados pelas verdades interiores de seu ser, para atento a pilha de lixo diversificado das tantas lojas e fast-food do nosso bairro, fica de cócoras, e, começa a remexer, abre um saco, depois outro, e outro, pescando as sobras, experimentando guloseimas em seu infortúnio banquete.

Um cachorro, junto ao errante, divide com sabor, o dissabor daquela manhã suculenta aos olhos da miserável fome. Olhares atentos, nenhuma atitude faz/fez os seres humanos temente a Deus, incapazes de levantar as mãos para anular a cena em questão, carros passam percebendo, o impercebido ser, que, para alguns, serve de piadas ao suas lábios que riem e apontam mostrando a seus filhos não triste dor, mas, a alegre atitude de sentir, e, nesse momento, uma voz ecoa alto e em bom som aos ouvidos presentes:

- Você merece!...

O ser agachado, em seu covil momentâneo, nem mesmo virou-se para dar a devida atenção ao fato, a fome era tanta, que, por medo de perder, decidiu fixar seus olhos nos sacos a sua frente, tentando distinguir temperos e sabores adorados por tantos, que, inconscientemente consciente esbanjaram a ponto de jogar fora, aquele hambúrguer quase por inteiro. Após, se satisfazer do nada obtido na procura, levantou-se em direção a cobertura, um toldo rasgado da próxima loja, sentou, ficou olhando a rua, está que serve de varanda da sua atual morada...

Texto: A Fome.

Autor: Osvaldo Rocha

Data: 28/10/2022