Orgulho e Proteção.
Orgulho e Proteção.
- Bom dia.
- Bom dia
- Preciso falar com você.
- Fale...
- Posso entrar?
- Não! Vamos ao um lugar neutro.
Então, saíram em silêncio em direção a praça que ficava na frente da casa, sentaram de frente um para o outro, se olharam, e, depois de um breve segundo, ele falou:
- O que tem para me dizer.
- Por que não podia ser em sua casa? Não quer que eu entre?
- Você veio aqui para desaguar suas paranoias em mim, escute bem, entreguei um bom tempo da minha vida para suas loucuras e traumas, hoje, não estou afim de perder tempo.
Ele se levantou para ir embora, quando, ela segurou seu braço, e, pediu que sentasse.
- Sente...
- Então diga o que quer.
- Por que você se foi?
- Ahhh! Não brinca, não sabe?
- Não!
- Ok, deixa eu refrescar sua memória, quantas vezes você me pôs para fora? Pois é...
- Você sabia que eu estava passando por uma série de problemas, mas, na verdade não era a intenção.
- Bom, intencional ou não, fiz sua vontade, se não foi antes, era por que estava sem condição de fazer-lo.
- Como você esta?
- Bem, não preciso limpar a casa toda hora, não tenho cachorros latindo em meu pé de ouvido, posso escrever sem ser maldito por gostar, não preciso ser comparado com o ser supremo em inteligência como seu filho.
- Não entendi.
- Entendeu, mas, se veio para lavar roupas que de sujas foram pro lixo, devo assentir que, o lixão não fica neste bairro.
- Você não muda!
- E, você?...
- Eu! Mudei e muito...
- Ok então, não vejo então razão para essa conversa, somos o que somos, defendemos nossas verdades e conhecimentos, temos fé no que diz respeito a viver, ah! Estamos perdendo tempo, quer dizer você está!
- É o que pensa?
- Sim! Já tivemos nosso tempo, jogamos fora com toda aquela babaquice de superioridade e proteção, desgastamos momentos com ira e palavras irracionais, machucamos, ferimos, tantas vezes, que, perdemos o respeito como ser humano. Não sei quem de nós dois foi mais agredido, sei apenas, que ainda há cicatrizes no espelho.
- Eu fui mais...
- Certo, então que seja. Eu saio de sua casa, sem ofender como mesmo sabe, e, mesmo assim, você vem para me lembrar o quanto eu fui draconiano, basta! Isso eu realmente não preciso...
Ele levantou, e, seguiu adiante pensando em como era covarde os atos das tantas pessoas que negam a si mesmo a chance de saber, que, errar é tão humano quanto perdoar.
Ela, por sua vez, mirando sua partida, tenta-se manter-se em pé, entendendo o quão orgulhoso era ele, que, sem se arrepender, virou as costas para talvez a única felicidade que tivera...
Texto: Orgulho e Proteção.
(Trecho de uma conversa com a Ex.)
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 26/10/2022