Qual seu projeto engavetado?
Por que não poetizar a vida?
Cito o seguinte poema de Joabe Tavares de Souza:
Fragmento XXIV
Embora muitos por aí usem os seus pés para coisas erradas, eu uso os meus para gritar – na simplicidade dos meus versos – o que sinto em minha alma.
Não lamento da vida com os seus obstáculos, apenas os supero quando eles me aparecem.
Não me perco assim fácil, nestes dias escuros...
Apenas busco a cada momento me transcender.
Saborear a vida numa branca caneca de cappuccino, é viver cada segundo, sem ter medo de ser feliz.
Mesmo com todas as limitações que a vida nos impõe...
É esse o maior legado que se pode aqui deixar.
Após quase meio século de pensamentos filosóficos compreendi algumas coisas. Entre elas – a principal na minha opinião – a verdade inafastável de que a principal razão de estarmos aqui, de padecermos tantos males, e sofrermos tantas provas, é para evoluirmos, e cá entre nós, eu posso até estar enganado, mas me parece óbvio que a única maneira de evoluir é aprendendo, e para aprender é preciso estudar.
Não me refiro ao estudo no sentido popular, como cumprimento de um currículo escolar, não senhores, me refiro ao sentido literal da palavra, no seu conceito linguístico, que é “aplicação da inteligência para compreender algo que se desconhece ou de que se tem pouco conhecimento”. O termo “estudo” vem do latim “studiu” que significa “aplicação zelosa”. Então viver é aprender, e só é possível aprender estudando, ou seja, se aplicando zelosamente, com ardor, com empenho.
Sendo bem indiscreto questiono ao leitor: você está se aplicando zelosamente em fazer a coisa mais importante da vida, que é progredir? Antes que você responda a si mesmo, vamos analisar o caso do autor do poema tema desse artigo, o escritor rondonopolitano Joabe Tavares de Souza. Ele nasceu com paralisia cerebral, que o trouxe tetraplégico a esse mundo, fisicamente preso a uma cadeira de rodas e completamente dependente de outras pessoas para tudo.
Mas essas alterações neurológicas limitantes não conseguiram tirar dele o desejo de viver, e principalmente, de aprender, progredir, evoluir. A severa deficiência física lhe deu apenas e tão somente o controle voluntário do pé esquerdo, e o que ele fez com isso? Uma faculdade de história e 3 livros de poesia – até o momento.
Quantas pessoas “normais” você conhece que usam a falta de tempo como justificativa para não terem concluído seus estudos? Quantos culpam o cansaço do dia a dia para não ler uma página sequer por dia, por mês, quiçá por ano? Quantas tem na ponta da língua a resposta “não tenho dinheiro para isso” prontinha, esperando qualquer mera sugestão para fazer cursos ou aprender qualquer coisa que seja, como um novo idioma ou tocar um instrumento musical?
As maiores limitações não estão no nosso corpo, e sim na nossa mente. São as limitações autoimpostas que nos escravizam, nos paralisam, nos impedem de progredir.
Mas o lado maravilhoso do aprendizado é esse: que o estudo não nos cobra o tempo perdido. Sempre que nos aplicarmos a aprender, aprenderemos, sempre que buscarmos evoluir, evoluiremos. É uma regra 100% segura. E o primeiro passo, como sempre, é a decisão. Decida evoluir, progredir, crescer, aprender, avançar.
E então, bora jogar as desculpas esfarrapadas na lata do lixo e tirar aquele velho projeto empoeirado de dentro da cachola e colocá-lo em prática?
E então, como vai ser a partir daqui, vamos rescucitar todas aquelas perguntas?