I-LXVIII Jaezes de vida e morte
Levarão vossas almas aos porcos se aos amigos voltarem,
pois o mundo que carrega é o mesmo que pisa,
não faça por mim o que mal faz por tua vida:
Ambos viemos por péssimos motivos,
e nos afogaríamos se ao precipício resistirmos.
O fim se alastra por portas abertas
sem que mude a realidade de uma vida eterna.
Me perdi sabendo que venci,
já não vivo sem o inverno que me solidou aqui.
Doo ambas as mãos ao fogo se livrar-me do arroubo,
já não forço o ceticismo ao bom gosto dos outros.
E se já mal fascina-me dizer o privilégio que vivi,
temo resistir ao delírio de dar-me a ti.
É a sensatez que me tira a paz, pois sei que
de mim nada se faz, nem na terra, nem no céu,
nem nesta paixão que ameaça meu enfado cruel.