I-LXVII Jaezes de vida e morte

Outra vez chamado à vida,

diante de amigos que se tornam relíquias,

ajo feliz escrevendo aqui: Voltei para casa menos carente,

sorridente sobre caminhos que já me fizeram descontente.

Que a vida me dê mais dois ou três dias para ser esperto,

para que a noite explique melhor as verdades e o que é certo.

Não acreditaria se pudesse ver, não confiaria no que prometer,

pois já estou aqui a confessar receios inventados,

tenho o vício de fazer-me miserável.

Assim não menciono o que devia, não sinto o que vivia,

espero de coração que sejas minha última euforia.

E está tudo bem se o mundo está aquém,

pois é instintivo estar embaraçado, tudo está sempre ao acaso.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 18/10/2022
Reeditado em 29/12/2023
Código do texto: T7630754
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