E se...
Certa vez peguei-me pensando. E se o sólido da terra tornasse água abaixo de nós e os fluidos oceanos empedrassem em firme solo?
Imagine que exatamente a meia-noite um brilho tomasse toda a Terra e dias depois estivessem a notar uma lenta transformação na consistência do chão. Tal qual uma barra de chocolate ao sol, ou uma grossa camada de cimento fresco, ou ainda um atoleiro úmido.
Casas, prédios, árvores, a afundar diariamente alguns centímetros até a meia-noite do sétimo dia. Quando o brilho engolir-nos-ia uma vez mais e acabaria por tornar todo o solo em água. Tudo o que o homem construiu em solidez a afundar rumo ao núcleo do planeta e todos nós a boiar como formigas inundadas pelas águas das brincadeiras infantis. Ao passo que onde outrora havia mar, agora há terra firme.
Quantos de nós sobreviveríamos e como se reconstruiria a humanidade?
O pior fim dos tempos não é bíblico, talvez o seja científico, contudo, o começo e o fim de tudo habita em nós mesmos, em nossa mente. O pior apocalipse é o que se reproduz oculto nas profundezas insondáveis da mente.