O que é nossa vida?

Ilusão

Por que os poemas nos encantam?

Cito a esse respeito o seguinte poema autoral:

Ilusão

Sei que meus olhos me enganam, não sei como, eu só sei

Quanto mais me concentro no que vejo mais me envolvo na trama

Tento fechar os olhos mas de que adianta?

Fico completamente absorvido, preso nessa teia de aranha

Tento fugir mas meus pensamentos me acompanham

Sei que tem algo errado, sei que não me contaram tudo

Mas quem poderá me ajudar, se todos parecem também estarem perdidos nesse mundo?

Eu caminho sozinho no meio da multidão, olhando para todos os lados em busca de uma solução

Todos estamos juntos, e todos perdidos, mergulhados na solidão de pensamentos aflitivos

Trabalho arduamente, trabalho noite e dia, e meu trabalho é um só: me ver livre dessa agonia

Tudo é tão estranho, tudo é tão sem sentido, mas preciso me esforçar para não parecer sínico

Talvez façamos parte de algum programa, uma realidade simulada, acho que é assim que se chama

Seguimos velhos padrões vestindo novas máscaras

Quem fez essas regras que gravamos em cada criança?

A quem interessa que seja assim?

Parece que ninguém se importa estão só esperando calmamente o fim

Muitos não se preocupam com nada, como se estivessem em coma

Como porquinhos presos, quando se soltam só querem rolar na lama

Nascemos e logo corremos com a maior pressa do mundo

Não sabemos o que queremos nem onde estamos indo

Estamos sem rumo ansiosos para chegar

Mas não importa onde, o que importa é estar lá

O ruído é muito alto, quase ensurdecedor, penso que o silêncio seja nosso maior opressor

Talvez eu pense demais mas só consigo ser assim

Cada pensamento que passa mais de 1 trilhão de neurônios dispara em uma corrida sem fim

Espero um dia conseguir minha meta alcançar, nesse dia serei só alegria, poderei enfim descansar

Dia em que eu conseguir finalmente encontrar um sentido nisso tudo e minhas dúvidas sanar

Nesse dia darei gostosas gargalhadas lembrando do meu desespero e sentirei ainda mais pena de quem ainda não veio

Atolado na ilusão, gritando a pleno pulmão: socorro, socorro, cadê a minha porção?

Gostaria de acreditar, que quando esse dia chegar, eu seria altruísta para danar, e abriria mão do paraíso, para voltar ao inferno e meus irmãos ajudar

Mas sinceramente não sei se eu poderei aceitar, proposta tão indecorosa de mais uma vez me afastar sem saber quando voltar do mais luminoso e amoroso lugar, esse inigualável, indescritível e tão saudoso templo da paz

As 3 grandes perguntas da humanidade: Quem sou eu? De onde viemos? Para onde vamos? Ninguém parece saber, muito menos se importar, pois o número de pessoas que se lançam a refletir sobre os pontos cruciais da nossa existência ainda é muito tímido.

Nesse ponto todos nós estamos muito perdidos. Perdidos e iludidos. Distraídos passamos nossa existência comendo e bebendo, trabalhando, namorando, nos entretendo com alguma coisa qualquer. Raramente paramos para mergulhar um pouco mais profundo em nós mesmos e tentar nos entendermos. Mas era não deveria ser a grande missão de nossa vida? Será que uma existência assim, à la manada, todos seguindo sabe-se Deus para onde, sem nos preocuparmos com o que será do “depois”.

Creio que o grande X da questão seja nossa educação – ou má educação. Nosso sistema de ensino é todo baseado em respostas prontas, nunca em perguntas. São as perguntas que movem o mundo, e não as respostas. Para termos a charrete, preciso de alguém insatisfeito com o lombo dos cavalos, para termos o carro, alguém insatisfeito com a charrete, para termos o avisão precisou de um brasileiro insatisfeito com o carro, com o barco e com o trem, disposto a investir toda a sua vida para achar resposta para a pergunta: o homem pode voar?

Não me diga que não acha fascinante o poder que o ser humano concentra em si, e que vem sabe-se lá de onde (alguns chamam de Deus) para dar ao homem comum o poder de mudar o mundo, quando ele está disposto a RACIOCINAR, e a buscar sem tregua resposta para perguntas até então não respondidas. Aliás, diga-se de passagem, não respondidas e para as quais ninguém parece se importar com a resposta.

Todos os dias nasce gente, todos os dias morre gente. No intervalor temos bilhões de vidas comuns, adormecidas, vencidas pela ilusão, a ilusão de uma casa nova, um carro novo, um novo emprego, casamento, filhos, conquistas.

Aquela criança que chegou aqui cheia de perguntas é silenciada, envelhece, e vai embora sem quase nenhuma resposta, não porque elas não existam, mas porque ela – a criança - não empenhou nem um pouquinho de sua vida em achar elas - as respostas.

E então, como vai ser a partir daqui, vamos ressuscitar todas aquelas perguntas?