VOCÊ NÃO ESTÁ TRAINDO A SUA LÍNGUA SÓ PORQUE ÀS VEZES TAMBÉM FALA OUTRA
“Eu gosto de olhos que sorriem, de gestos que se desculpam,
de toques que sabem conversar e de silêncios que se declaram”
“Ok”... “online”... “pizza”... “abajur (abat-jour)”… “site”… “stress”…
… “buquê (bouquet)”… “mouse”… “show”… “tchau”... “axé”… “maió”…
… “garçom”… “xampu”… “omelete”… “coquetel”... “jeans”...
E mais um extenso número de... “estrangeirismos”
Não, meu amigo
Você não está traindo a língua portuguesa por dizer tantas palavras
... qu’em sua origem... “vieram de fora”
Ah! E que país neste mundão de Deus não tem os seus... "estrangeirismos"?
Deixa de bobagem no qu'então faz em função de seu tolo "nacionalismo"!
Pois é! E não é que muitos estão agora a praticar um ridículo nacionalismo?
Ou talvez a palavra seja... um “patriotismo idiomático”?!
Isso mesmo:
Várias pessoas, talvez porque desocupadas muito se acham, eis qu’estão
.. a levantar uma bandeira em nome de um idiota “nacionalismo idiomático”
(Ao qu’eu acho que melhor define tais elementos)
E são muitos...
A lembrar o discurso da chamada “Marcha Contra a Guitarra Elétrica”
Um movimento ocorrido em São Paulo em julho de 1967 (em plena beatlemania),
... o qual alegava proteger e salvar a cultura brasileira contra os efeitos
... e influências vindas de fora
Ou, mais precisamente, contra a invasão das músicas internacionais
(Ao modo daqueles hipócritas que dizem querer presever a moral, a família,
... as tradições e os bons costumes!)
Uma passeata liderada por Elis Regina, e acompanhada por outros grandes nomes
... da MPB, tais como Gilberto Gil e Caetano Veloso, dentre outros
E usava o slogan “Defender O Que É Nosso”
No que eram bastante ferozes em seus discursos, como, por exemplo:
“Queremos ver os Beatles pelas costas”
E coisas destes tipo...
Obviamente que não foi pra frente...
Bom, com relação ao que se refere a “estrangeirismos”, desafio o leitor se ele não
... usa pelos menos alguns no cotidiano de sua vida
É fato:
Falamos e, assim, usamos até de forma inconsciente
Ao que perdemos a conta dos tantos que no nosso dia-a-dia utilizamos
Pelo que todos os países “tomam emprestadas" algumas palavras de outros
Sendo que algumas até acreditávamos que não se tratava de "estrangerismos"
(E que seriam palavras "nossas")
Meu caro, você não está cometendo um pecado venial [e muito menos mortal]
... caso fale algumas palavras em inglês, italiano, francês...
Ou seja lá de qual lugar vieram
E o que não dizer do latim a ser tão usado por advogados?
E ninguém aqui fala a língua portuguesa de forma perfeita (no estilo "Rolando Lero")
Ao que aqui darei alguns exemplos:
“Amado mestre, quisera eu ser um escravo fugitivo, para poder abrigar-me
... com seguridade no quilombo do vosso coração”
“Senti vibrar em meus tímpanos o som da voz que me enternece,
... canto claro e límpido, pureza de mamãe quando faz prece”
“Amado mestre fagueiro, que transmite saber e esperança,
perguntai-me bem ligeiro e eu responderei sem tardança”
“Amado mestre, inoculai em minhas veias estudantis as vossas gotas de saber”
Ah! Fala sério, meu querido!
Acaso já te imaginou em um devido espaço público a conversar “desse jeito”?
Ninguém conversa [aqui] assim não!
E, além dos “estrangeirismos”, eis que aqueles “guardas de plantão da língua
... portuguesa” combatem também as “gírias”... e até os “regionalismos”!
Ah! Se for para usar o mesmo “slogan”...,
Ou melhor, antes de dar sequência, a palavra “solgan” é de origem escocesa
Ou seja, é outro "estrangeirismo":
Sluagh-gairm, de sluagh, “exército”, e gairm, “grito”,
Resumindo “slogan”, em sua etimologia significa “grito de guerra”
Mas, retornemos...
Se for para usar o mesmo slogan “Defender O Que É Nosso” com relação ao que é
... realmente brasileiro (em termos de idioma), talvez o mais certo seria em
... deixarmos de falar português... e passarmos a conversar em “tupi-guarani"
(a língua que os nossos índios falavam quando o Brasil foi descoberto)
Como assim defendia o conhecido personagem Policarpo Quaresma,
... do escritor pré-modernista Lima Barreto:
“A língua portuguesa é emprestada ao Brasil. A língua tupi-guarani não”
Meu querido, vai por mim:
No processo da linguagem o que vale mesmo é “entender”
Entendeu bem o qu’eu quis dizer?
Isso mesmo, não importa qual língua seja
Todo mundo é um pouco... de todo mundo
Em todos os países existem “estrangeirismos”
Assim como em todos [eles] existem tolos “nacionalistas”
Formado por pessoas preconceituosas e ornadas de “bandeiras separatistas”
Ah! A propósito... - "do you speak english"?
- I do!
E caso não gostou de minha resposta, direi, então, n'um "francês abrasileirado",
... o qual sei que irás entender:
"VAISEFUDÊ!"
PS: Caso achou que eu fui muito agressivo e indelicado no uso da palavra, quero deixar claro
... que o atual Presidente da República fala mais palavrão do que eu.
10/10/2022
IMAGENS: GOOGLE