DEIXEM QUE AS CRIANÇAS SEJAM O QUE ELAS SÃO: SOMENTE CRIANÇAS
PARTE 1
"Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir
quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama
quando ainda está estremunhado de sono"
Deixem as crianças serem... o que elas são:
Crianças
Crianças!
Eleitas almas a que, sendo infantes... no céu sempre estão
De suas almas puras que são...
Não, não precisam de religião, não
E alguém precisa?
Precisamos, sim, de amor... e, sobretudo, de amar
Não, não nos preocupemos em querer "santificar" nenhuma criança
Elas "já são" santas
Mais santas que os construidos e canonizados santos das igrejas
(E de qualquer religião)
Deixem as crianças serem... o que elas são:
Crianças
Crianças!
A alma d’uma criança não tem roupas
Não tem trajes... vestes... vestuários...
E muito menos são fardadas, oh! não...
Suas almas são nuas... puras...
Despidas de conceitos
E, sobretudo, de preconceitos
Essas mil sujeiras que só nós - adultos - conosco trazemos
Não vistamos as crianças de cois’alguma, pelo amor de Deus
Não as ornemos de roup'alguma
Que ninguém as vistam com dogmas... princípios... preceitos... ideologias...
Elas não precisam nada disso
Nem nós...
Deixem as crianças serem ... o que elas são:
Crianças
Crianças!
Permitam, sim, que sejam as crianças que são
E não os prosélitos que nós - mesquinhos adultos - queremos qu’elas sejam
Com nossos livros sagrados debaixo do braço ou na mão
Não, elas devem ser “educadas”, mas jamais “doutrinadas”
E para quê doutriná-las?
Par'então lesá-las e fazer apodrecer suas almas?
Elas não precisam de doutrinação, oh! não...
Elas não precisam de uma "Bíblia"... "Torá"... "Alcorão"
Não, não, não...
Nada disso
Elas precisam é de um grande abraço (todos os dias)
Que tantas vezes às negamos
E por quê?
Porque pouco [ou nada] as amamos
As crianças a que são [aqui] co’a sua ternura imagens de anjos,
E não s’encontram esculpidas em suas faces nenhuma expressão de ódio
Todavia, queremos o ódio ensiná-las...
Não, não, não...
Oh! E eis que os que não mais são crianças as ensinam... a odiar
Que pecado! ...
Que crime!...
Deixem as crianças serem... o que elas são:
Crianças
Crianças!
E não soldados... a terem um revolver ou qualquer outr’arma na mão
Não as tirem do seu paraíso
De suas almas a que moram... na paz
E que neste colorido e melodioso tempo em qu’elas se acham
... oh! que elas brinquem e que curtem o tempo em que nel’estão:
A infância
Não tomemos delas este seu sagrado tempo (de direito)
Até porque a vida não nos dá... este direito
Deixem as crianças serem... o que elas são:
Crianças
Crianças!
Pequenas... humildes... simples...
Inocentes vidas... sem culpa... sem mácula... sem falt’alguma
De suas almas tão limpas... e castas... (naturalmente virgens)
Oh! Não permitamos que sejam... como nós!
Isso mesmo:
Que elas não sejam os monstros que somos
(ou que com o tempo... ficamos)
PARTE 2
"Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos,
que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse
ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na
profundeza do mar".
(Mateus 18:6)
Oh! O tão aguardado dia da eleição para escolher o Presidente da República (embora também a que seria votado para os cargos de governador, deputado [estadual e federal] e senador).
E neste dia 2 de outubro de 2022 o domingo foi dele, do brasileiro.
E eis que todos se encaminharam em direção ao seu local de votação.
Bem, um fato que me chamou muito a atenção foi a “vestimenta” de uns, a que seria uma espécie de uniforme de identificação a um determinado nome, mais precisamente do Presidente da República, o qual pretendia a reeleição, o Sr. Jair Bolsonaro. Sendo que seus eleitores se vestiam com camisetas da seleção brasileira, em seu tom amarelo vibrante.
Pois bem, já de início de conversa, desde o princípio eu considero isto errado: o fato dele se apropriar tanto da camisa da seleção como também da própria bandeira do Brasil. Mas, a verdade é que “a moda pegou”, considerando que ninguém se opôs a isto.
E nesta hora alguém irá dizer:
- O texto não era para falar sobre “crianças”?
Ao que eu responderei:
- E decerto que sim, sobre elas - as crianças. Bom, antes de mais nada quero aqui dizer que eu sei muito bem que muitos não irão concordar comigo, mas que fique bem claro:será apenas a minha opinião. Onde, apoiando-me a partir da ferramenta da dialética, convido o leitor a me acompanhar neste “bate-papo”.
Então, como eu disse, a imagem das pessoas com suas camisetas da seleção brasileira me chamou bastante a atenção. Mas, o que também percebi foi o fato de muitos pais “transferirem” esta sua “identificação nominal e partidária” aos seus filhos, sabendo que eles igualmente estavam “uniformizados” com as mesmas camisetas amarelas. E alguns até segurando uma pequena bandeira do Brasil.
E aqui será onde eu pretendo iniciar um pequeno estudo a nível comportamental.
Pergunto aos pais:
Vocês amam seus filhos?
Vocês “realmente” amam seus filhos?
Que tipo de mundo pretendem deixar para os seus filhos?
Darei aqui a minha resposta:
Infelizmente são poucos os pais que verdadeiramente amam seus filhos. A começar que muitos nem foram desejados, ao que, por algum descuido, somente “apareceram na área”.
Como é o mundo em que vivemos?
O problema do mundo seria mesmo no que se refere a “educação”?
E o que entendemos, na verdade, por “educação”?
O que queremos ensinar para os nossos filhos?
Filhos!
Neste exato momento eu acabo de me lembrar d’um poema do grande Khalil Gibran, em seu famoso livro “O Profeta”, onde anexei [aqui] alguns fragmentos:
“Vossos filhos não são vossos filhos.
São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma.
Vêm através de vós, mas não de vós.
E embora vivam convosco, não vos pertencem.
Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos,
Porque eles têm seus próprios pensamentos.
Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas”
E, interessante que mais à frente ele completa o seu parecer sobre os filhos:
“Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós,
Porque a vida não anda para trás...”
É onde eu quero focar:
Na maioria das vezes o que mais queremos é “fazê-los como nós”, a pretender que eles sejam uma “cópia nossa”.
E, deste modo, o que fazemos não é tanto “educação”, aliás nunca foi. Operamos neles o que é denominado de “doutrinação”. Sendo onde “estragamos” nossos filhos.
A “doutrinação” é, sem dúvida, um instrumento nefasto que, quando se faz na criança, ela simplesmente agride aquele que seria o seu “espaço de direito”, isto é, a sua infantilidade natural. Uma idade em que os pais deveriam respeitar.
Contudo, não é isto o que se vê, considerando que muitas crianças são “fantasiadas” de adulto, a que se tornam “imagem e semelhança” de seus pais.
É fato: muitos pais querem (e trabalham muito nisto) para que seus filhos sejam um “xerox” deles, a começar com seus modos e vestimentas. E no mundo inteiro isto é comprovado, principalmente no que diz respeito a religiões e ideologias.
Pais, deixem as crianças serem o que elas são: crianças. Não as façam como vós. E se realmente as amam, ensinem seus filhos “a pensar”, e não “o quê pensar”. O "quê pensar" é nocivo e isto se chama “proselitismo”.
E neste instante algum cristãozinho (ou alguém de outro credo) irá me jogar na cara:
- Queremos que nossos filhos sejam pessoas íntegras, dignas e honradas! Não queremos que eles sejam devorados pelo mundo, ou mesmo que tenham "a cara do mundo".
Ao qu’eu lhe responderei:
- Ensine valores para os seus filhos e, sobretudo, ensine-os com seus exemplos. E jamais despejem sobre eles um código de dogmas, mandamentos e prescrições doutrinárias. Pode ter certeza, meu caro: “Ensinar a pensar” é um ato de amor, e não “ensinar o quê pensar”.
E tudo tem a hora certa para levar o conhecimento que você pretender dar a elas. Levando-se em conta de que as crianças observam mais os atos que as palavras de um adulto. Não "forcem a barra co'elas".
Tudo tem o momento certo, repito. Aqui eu me lembro quando estava no catecismo, em que a minha catequista pedia a todos para decorar o dogma da Santíssima Trindade. Nenhuma criança entendia nada. E se alguém fez a primeira comunhão (e todos fizeram!), nem sabia do que realmente se tratava. Contudo, os pais estavam orgulhosos ao ver seus filhos naquela cerimônia!
E o mesmo processo de iniciação se vê em outras expressões religiosas, onde, na maioria das vezes, a criança não tem a mínima ideia do que seja. Seria mais ou menos em querer “converter” os filhos à doutrina ou ideologia dos pais.
Definitivamente não concordo com este tipo de processo, no que, quando feito de forma rígida pode, inclusive, repercutir nocivamente na vida de uma pessoa. Já que, sob uma ótica psicanalista, o “superego” está exageradamente alimentado, podendo levar a quadros psicóticos.
Um bom exemplo disto é a chamada “psicose mística”, onde a personalidade do indivíduo fica “detonada”. E, quando não bem tratada, torna-se praticamente irreversível.
E o que não dizer das doutrinas fundamentalistas nascidas de ideologias? E aqui eu não me refiro somente a religião, mas também a política, bem como os desportos. É quando o adulto acha que está fazendo “a coisa certa” em obrigar o filho a assumir suas linhas de pensamento e “identificações” partidárias ou desportivas, como por exemplo, partidos e nomes políticos, ideologias, times de futebol, etc. E em casos mais graves, quando também conduz os filhos a participarem de organizações secretas ou estranhas seitas às quais eles são membros.
Até quando iremos querer vestir a alma das crianças?
No Evangelho Cristo diz: “Deixai vir a mim as crianças, não as impeçais, pois o Reino dos céus pertence aos que se tornam semelhantes a elas” (Mateus 19:14). Contudo, o que fazemos com as crianças é o contrário do que Cristo pede, ao que queremos que elas – as crianças – se assemelhem conosco.
E, interessante, que em outra passagem Cristo diz: “Com toda a certeza vos afirmo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no Reino dos céus” (Mateus 18:3). Na verdade, estamos “fazendo a coisa errada” (com as crianças e igualmente conosco)!
Religiões, doutrinas, ideologias, bandeiras, partidos políticos, nomes...
E assim querer jogar na alma delas um monte de “lixo adulto” a partir de nossas malditas convicções, pensamentos, ideias, filosofias, juízos, para, então, como antes disse, “estragá-las” no mundo, e mais à frente torná-las fanáticas e feias (como tantos adultos). E com o agravante de não dá-las o direito de discernir ou questionar o que é lançado (à força) sobre suas mentes!
E eis que agora outra pessoa diz:
- Queremos que nossos filhos tenham amor pela pátria e, por isso, queremos que sejam como nós: nacionalistas e patriotas.
Ao que eu responderei:
- Deus me livre deste seu “nacionalismo”, tão carregado de ódio, preconceitos e intolerância! Meu prezado, a consciência nacionalista precisa ser moderada (como qualquer coisa na vida). Nada de exagero, então, se realmente você não deseja incorrer num erro.
E não estou dizendo que não devemos ter amor à pátria. Mas, cuidado com a maneira como você exerce o que você chama orgulhosamente de "patriotismo". Siga meu conselho, meu caro: não abra mão de sua inteligência, e procure ver o que está fazendo [aqui]. Portanto, não vá enfiar lixo na cabeça de seus filhos.
Na conhecida música da banda inglesa Pink Floyd, “Another Brick In The Wall” (Pparte 2) a letra diz:
"We don't need no education (Nós não precisamos de nenhuma educação)
We don't need no thought control (Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento)
Hey! Teacher! Leave them kids alone (Ei! Professor! Deixe as crianças em paz!)"
Entenderam aonde eu quis chegar?
Obviamente que nem todos agora irão concordar com a letra, mas a verdade é que as crianças não deveriam ser submetidas a uma espécie de “lavagem cerebral”, oh! de forma alguma. Isto é desrespeitar a condição do estágio em que elas se encontram.
Enfiar conceitos "nacionalistas" na cabeça das crianças! Oh! Acabo de me lembrar da famosa “Imagine”, do lendário John Lennon:
"Imagine there's no heaven (Imagine que não há países)
And no religion too (E nenhuma religião também)
Imagine all the people (Imagine todas as pessoas)
Living life in Peace (Vivendo em paz)"
Concluindo:
Deixem as crianças serem o que elas são: crianças
Não temos o direito de roubar [delas]... a sua infância
A criança não é uma "coisa"
Não é um "soldado" a servir (em nome de seu país) de sacrifício num campo de guerra
Não é uma boneca em que se fica colocando [nela] roupas
(ou brincando co'ela)
Não é um computador em que nele se instale um "sistema operacional"
Pelo amor de Deus, não coloquemos mais "nocivos softwares" em suas cabeças
E sempre sabendo que existe uma grande diferença entre "educação"
... e "doutrinação"
E enquando forem crianças devem ser tratadas... como crianças
E não como "adultos antecipados"
Oh! Saibamos amar nossas crianças
Que na verdade não são nossas "posses"
Mas, sim, filhos da Vida
E reflita no pensamento abaixo:
"Só é possível ensinar uma criança a amar, amando-a” (Johann Goethe)
09/10/2022
IMAGENS: GOOGLE
MÚSICAS:
John Lennon - Imagine (Tradução/Legendado)
https://www.youtube.com/watch?v=rfsT3aKLWdM
Another Brick In The Wall - Pink Floyd (Legendado PT-BR)
https://www.youtube.com/watch?v=mP-ZAgsMAkE
VÍDEO DA PROFESSORA LÚCIA HELENA GALVÃO
"O QUE ENSINAR ÀS CRIANÇAS":
https://www.youtube.com/watch?v=hMluhX4Gp4M