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Eu te liguei naquela tarde vazia e você me disse para esperar 51 minutos, o número da cachaça. E eu me embriaguei na esperança de te ver, mas você não veio a tempo e o tempo passou, porque o tempo corre. Não na sua cabeça , na sua forma peculiar de ver a vida, onde tudo gira e girando ficamos, dando voltas em nós mesmos, repetindo os momentos. Mas o tempo corre e ele é inexorável, ele apazigua e destrói na mesma proporção e vemos tudo se acabando ao nosso redor, mas continuamos inertes, fincados em nós mesmo, ainda que tudo ruísse. E na roda da vida seguimos como se não houvesse tempo. Mas ele existia, e as flores murcharam, a terra ficou mais quente, as coisas envelheceram, mas não nós. Ficamos como imagens, gravados na tela da memória, ainda que ela se apague e em algum lugar seja ainda eterna