EU VIM AQUI PARA LHE PEDIR O SEU VOTO!
“Tomara que vocês votem tão bem nas próximas eleições,
como sabem votar no BBB!”
(Fausto Silva – Faustão)
E desta forma se faz, a ser de quatro em quatro anos
E muitos oh! como abusam de nossa paciência!
Mas... fazer o quê?
E eis o que me ocorreu por estes dias:
- Que saudade, meu velho amigo! Como estão as "coisas"? A família tá boa? Venho aqui para lhe pedir seu voto. – A me chegar, então, nest'hora um candidato aspirante a deputado estadual.
- E o que você irá fazer por mim? – Perguntei-lhe, pois.
- Ora, irei lutar pelo povo, e enquanto eu estiver "lá", pode contar comigo para o que der e vier, afinal eu serei um representante do povo. Respondendo-me, assim.
- Acho que você não me entendeu. Eu lhe perguntei o que você irá fazer pela minha pessoa (em particular). Não estou perguntando a respeito do povo. – Reforçando a minha questão.
- Para uma única pessoa eu não posso fazer nada, mas posso fazer pelo “povo”.
- Ah! Então quer dizer que é mais fácil resolver os problemas do povo em geral do que de um cidadão apenas? – Jogando sobre ele essas palavras.
- É mais ou menos isto. Os problemas individuais são de cada um. – E com notável frieza assim me respondeu.
- Ah! Entendi. Você diz que irá resolver a questão da fome, mas um prato de comida para uma pessoa sozinha é, para ti, mais difícil de resolver, considerando que uma coisa é “estudar uma questão” (e fingir que está nela interessado) e outra coisa é “lutar pela sua solução”. E pelo visto, acredito que poucos são os que realmente “arregaçam as mangas” com o intuito de resolver de uma vez por todas os problemas de todos.Oh! E é por isso que dá vontade de votar em branco ou mesmo anular o voto. Vocês só falam, mas não fazem nada. É só demagogia e mais nada! – Dizendo assim a ele.
- Não, não quero aqui fazer demagogia. Confesso ser bem provável que não irei solucionar todos os problemas, ou sequer alguns. Na verdade, só aproximei mesmo de ti lhe pedir o seu voto. – No que deste modo me falou, como que suplicando pelo meu voto.
- Bom, pelo menos você foi sincero agora. Talvez eu vote em você, quem sabe!?
Terminado naquela hora a nossa conversa.
E quem disse que em política tudo é então... hipocrisia?
E não é, não?
A lembrar bem um enganoso cenário teatral
Ou mesmo um "carnaval de Vezeza"
A se fazer, sempre, em dois tempos:
Antes e depois da eleição
E o mais interessante é que ninguém aprende a lição, oh, é verdade!
E não é que muitos acreditam em promessas de campanha política?
Talvez, ainda não sairam do período infantil em que se acreditava em papai noel,
... cegonha, fadinha do dente, coelhinho da páscoa...
Oh! Estes tempos hipócritas eleitorais...
Tempos de mais falsidades... e dissimulações
Tempos de disfarces... e de mil fachadas
E também, por que não dizer,... de aproximações?
Sim, neste período (e somente nele) em que os maníacos pelo poder enxergam
... os invisíveis do mundo: os pobres, os esquecidos, os ignorados, os "nulos do mundo"...
E se aproximam destes, isto é... do “povão”:
Encontrando-se com muitos nos bares e nas lanchonetes dos centros urbanos
Tomando um cafezinho com eles...
E os abraçam...
E olham para eles... (como se realmente [par'eles]... olhassem!)
E inclusive... os "escutam" (ou fingem escutá-los)
Você acredita?... Eu não!
E alguns andam até de metrô ou lotação...
E, assim, vão literalmente às ruas
De forma que os lembrem deles... nas urnas
Todavia, depois das eleições, oh! cadê eles???
Por que sumiram... e desapareceram?
Será que algum ET os sequestrou?
E, portanto, são tempos de fingimentos e farisaicas aparências
E cada qual por trás de seu disfarce (de pessoa digna) a esconder sua real intenção
Ai! E quantos lobos em peles de cordeiros...!
A que, infelizmente, muitos caem “na lábia deles”!
Ou então, a eles se vendem... por qualquer coisa
A preço de banana, mesmo
Mas, me diga agora, meu amigo, caso foi contigo...
Por quanto alguém te comprou para conseguir o seu voto?
Teria sido por uma mensal e mísera cesta básica?
Ou, quem sabe, por um talão de vale-refeição?
Ou mesmo por uma marmita noturna a chegar em sua casa?
Meu caríssimo, não sei se você sabe, mas “vender-se” é uma forma
... de “prostituição (seja o meio que for)
Sua dignidade vale mais, meu amigo, muito mais
Não se venda, não...
Ou você não liga para este negócio chamado... "honra"?
E se alguém diz que votará em "fulano de tal" só porque ele trabalhou direito
... enquanto estava “lá em cima”, isto não foi mais que obrigação dele
Deixa de ser burro, meu irmão, deixa de ser otário!
Não vá na onda deles, não...
- Mas, e então, em quem irás votar? – Pergunto a alguém agora.
- Não sei, ainda estou indeciso, talvez votarei num artista da televisão que eu gosto muito, embora estou um pouco confuso! Mas, é o mais provável que seja ele, já que ele parece ser bonzinho e é tão simpático com as pessoas!
Mas, na dúvida se valerá a pena ou não o meu voto, vou ver como estão as pesquisas. Talvez o melhor mesmo é votar em que está à frente nas persquisas. Como se diz: "A voz do povo é a voz de Deus"! – Respondeu-me, então.
- Mas, você não tem opinião própria? – Perguntei-lhe novamente.
- E o que é “opinião própria”? O que significa isto? Confesso que não sei do que se trata!
E não é que aquele indivíduo era a “cara” de muitos aqui?
- Mas, perdoe-me a indiscrição, o que farás de fato com seu voto? – Insisti em saber.
- Acho que irei mesmo vendê-lo, no que o barganharei por causa de minhas necessidades. A vida está muito difícil para mim. – Dizendo-me assim e sem nenhum constrangimento.
- Irás vender seu voto, então? Meu Deus! Não te envergonhas pelo que acabas de dizer? Isto é também ser “corrupto”, sabia? – Esbravejei-me com ele.
- Ser ou não ser corrupto... [aqui]! Seria esta a questão? Ah! Eu acho que você se esqueceu em que país vive. Aqui é o país da corrupção!!!
E assim terminamos a nossa prosa.
Oh! Que decepção!
E depois o povo se arrepende de quem ele coloca "lá em cima"!
Não, não adianta reclamar, não!
30/09/2022
IMAGENS: GOOGLE
MÚSICA: “CUIDADO” – Eduardo Costa