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       ALMAS NUAS? QUEM DERA! (ECOS DE FERNANDO PESSOA)

 

“O essencial é saber ver, mas isso,

      triste de nós que trazemos a alma vestida... “

                             (Fernando Pessoa/Alberto Caeiro)

 

 

Eu não sou o nome que me deram

Não, não sou, não sou, não sou...

Nem tu

Quem sou [eu] então?

E quem és tu?

Acaso sabes? Duvido!

No espaço em que nel’estamos somos muitos...

E não somos... nós mesmos

Ou, na verdade, não somos nada do que nos esculpiram e rotularam

Nada, nada, nada, nada...

 

E nesta falsa-vida ninguém coragem tem de morrer

Qu'estranho!

E somos nossas malditas crenças que co’elas nossas almas ornadas estão

E co’elas nos distraímos no tempo

E morremos e matamos... no tempo

 

Todos aqui têm um nome falso... (no tempo do mundo)

A que consideramos nossos sagrados corpos

Cad’um de nós...

O qual se dele se despir não sobrará nada

E por pavor a este "nada" todos [nós] temos medo de morrer

 

Quem sou eu de verdade e quem é você?

Acaso você acha que te possui?

Ai! Quanto horror temos d’estar a sós conosco

 

E nest’hora eu pergunto a ti:

E tu, o que farás de tua vida?

Mas, a verdade é que um dia terás de despir de suas falsas roupagens

E encarar (ainda que não queiras)... tua nudez

 

Tempo...

Mundo...

As almas brigam... ou somente... os corpos?

Teriam “nacionalidade” ... as almas?

Carregá-las-iam... bandeiras?

 

Que língua su’alma fala?

Já te perguntou?

Qual a cor de su’alma? Teri’alguma?

Qual o espaço... das almas?

Qual o seu verdadeiro nome?

Qual a sua verdadeira pátria?

Pergunto a cada qual novamente

 

Oh! Fechai-me os olhos para todas as mentiras que m’enganaram faz tempo

Tapai-me os ouvidos para tudo de falso que m’ensinaram

Esqueçamos de vez quem somos e nos vestiram nossas almas

 

Ai! Quem compreenderia no que a si próprio em verdade é?

E vede que caminhamos rumo a sangrentas batalhas

E ali morremos todos... (em vão)

A defender bandeiras que não são nossas e que não nos amam

(Não, não são nossas bandeiras "em espírito e verdade")

Para depois colocá-las sobre nossos caixões

E entre todos, oh! quão difícil achar quem reage a não querer ser “assim”

 

Ai! Quando recobraremos a consciência de que somos mais do que nos adestraram?

Ó mentiras do tempo!... que tanto se impregnaram em nossas almas

E ninguém se busca nem deseja procurar-se nos desvios em que todos se perderam

 

E cada qual se "identifica" com as roupas de seu "corpo temporal"

E todos co’elas se confundem

 

Par’aonde vais, ó miserável alma a obedecer as vozes que em ti puseram?        

 

Quando abandonaremos nossos enganadores rótulos?

Isso mesmo:

Somos um monte de aparentes e ilusórios rótulos que nada de bom nos fizeram

 

E se alguém me perguntar quem eu sou eu digo que não sei

Ao que só sei o que não sou:

Não sou brasileiro, não sou americano, não sou europeu, não sou asiático...

Nem você, ainda que comigo não concorde

Não, não somos nada disso

E assim, não sou (e ninguém é) nehuma dessas bobagens que tentaram

... nos embaraçar co'elas

 

E o qu'eu digo para mim eu digo igualmente para ti:

Não sou nenhuma ideologia, não sou partido algum político...

Não sou comunista, não sou capitalista, não sou esquerdista, não sou fascista...

(Nenhuma dessas idiotices criadas no tempo)

Não sou cristão, não sou judeu, não sou muçulmano...

Não sou nenhuma etnia, não sou “cultura externa” alguma...

Não sou meu nome, não tenho pedigree...

Enfim, não sou nada...

Ou então, eis o que verdadeiramente sou: nada!

E me sinto bastante feliz em não ser cois'alguma

 

Malditos aqueles que acreditam serem alguma coisa!

 

21 de setembro de 2022

 

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IMAGENS: INTERNET

 

UM POEMA DO GRANDE FERNANDO PESSOA PARA MEDITAR:

 

     https://www.youtube.com/watch?v=BrVT_9I4dgE

 

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 21/09/2022
Reeditado em 21/09/2022
Código do texto: T7611213
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