A arte de (me) perder
Elizabeth Bishop me ensinou que perder não é nenhum mistério, que eu deveria perder agora para, depois, perder com mais critério. que, apesar do que pareça, isso não é muito sério.
fácil falar. encarar a perda como algo leve é outra história.
sinto que perdi.
tudo, nada. ao mesmo tempo.
mas, como perder o que não se teve ou que não existiu? como sentir uma saudade tão imensa ou correr desesperadamente de algo que apenas ousei sonhar?
sonho é coisa perigosa.
dormindo ou acordada, me mostra o melhor e o pior de mim. o que decido ignorar mergulha no meu inconsciente e me visita sempre.
não adianta fugir - teu maior desejo está aqui.
aquele pesadelo também, te vi fingir.
sonhei com você.
um pé no futuro, os mesmos fantasmas do passado.
suas asas cortadas e uma redoma invisível projetada para te proteger, mas que só consegue te prender. um sufoco sem fim.
não precisa ser assim. o mundo inteiro não precisa ser um sonho ruim.
é difícil, eu sei, mas você ainda consegue lembrar de mim?
tenta. posso te surpreender.
talvez o mistério não seja mesmo perder, mas o caminho do perceber que
só você
pode salvar você.