Interpretando Paulo Freire
A mensagem contida no livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire vai muito além do que pode parecer existir na sua simples leitura.
Por exemplo, conforme suas palavras “Somente na medida em que se descubram “hospedeiros” do opressor poderão contribuir para o partejamento de sua pedagogia libertadora.”.
Se quisermos de coração contribuir para tornar o mundo um lugar de amor e paz, temos que nos localizar nele.
De acordo com nosso querido advogado educador, o mundo é dividido em três classes: a dos opressores, a dos oprimidos e a dos revolucionários.
Poucos em sã consciência querem pertencer a classe dos opressores porque, segundo nosso santo homem “O sadismo aparece, assim, como uma das características da consciência opressora, na sua visão necrófila do mundo. Por isto é que o seu amor é um amor às avessas – um amor à morte e não à vida.”.
Deus me livre.
No meu caso por exemplo, excluída a classe maligna do opressores, me restou a dos oprimidos e dos revolucionários. Como não me sinto incluído nesta última, devo pertencer a classe dos oprimidos, embora também nunca tenha me sentido assim. Talvez porque nunca tenha me sentido “hospedeiro” do opressor. Mas obrigatoriamente terei que me sentir assim para “contribuir para o partejamento da pedagogia libertadora”.
Porém aí surge outro problema. Se estamos tratando de justificativas da “pedagogia do oprimido”, conforme o Capitulo I do livro, os oprimidos alvos dessa pedagogia teriam que ser adultos analfabetos porque, como crianças de quatro ou cinco anos vão entender “o pouco saber de si” e se descobrirem “hospedeiros do opressor”?
No meu caso, adulto eu já sou, mas não sou analfabeto, eu acho.
Será que sou um opressor?
Deus me livre de novo.
É importante ressaltar que nosso advogado defensor dos fracos e oprimidos, também se refere a uma classe média oprimida quando diz: “Na sua alienação querem, a todo custo, parecer com o opressor. Imitá-lo. Segui-lo. Isto se verifica, sobretudo, nos oprimidos de “classe média”, cujo anseio é serem iguais ao “homem ilustre” da chamada classe “superior”.”.
Ou seja, existe uma parcela da classe média que é analfabeta e que necessita da intervenção salvadora dos “revolucionários pedagogos” ou “pedagogos revolucionários”.
Mais adiante Paulo Freire ressalta o papel da pedagogia como força libertadora: “Se os líderes revolucionários de todos os tempos afirmam a necessidade do convencimento das massas oprimidas para que aceitem a luta pela libertação – o que de resto é óbvio – reconhecem implicitamente o sentido pedagógico desta luta.”.
A expressão “massas oprimidas” deixa claro que existe no Brasil e talvez em todos os países onde a Pedagogia do Oprimido foi “aclamada”, um número expressivo de adultos analfabetos.
Que triste!
Ou será que nosso santo homem tinha o propósito não revelado de reciclar todos os egressos de escolas dominadas pelas diretrizes opressoras?
Ele não fixou uma meta, mas talvez se alcançasse a meta, dobraria a meta.
Por ora, concluindo minha inconclusão, eu concluo que, “sei lá, entende?”.