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    UMA REFLEXÃO ONTOLÓGICA

 

“A alma é essa coisa que nos pergunta se a alma existe”

(Mario Quintana)

 

 

O místico oceano do universo

Oh! Somente este a ser realmente ilimitado

E, provavelemente, eterno

Já que muitos dizem que o tempo não existe

Será?

 

Por detrás das montanhas que não existem no cosmos eis ali... todas as almas

E todas, em su’essência, despidas

No tempo e no mundo é qu’estamos cobertos... de mil vestes

Almas ornadas... de mil coisas e rótulos

E nos confundimos co’eles – as coisas e os rótulos

 

Temos mil identidades e não "somos" nenhuma delas!

 

Quem se vislumbraria nest’hora ao que sua própria nudez contemplaria?

No mundo e no tempo temos vergonha...

Porém, não tanto da nudez do corpo, é verdade

Ao qu’esta até desejada por vezes prefere

A nudeza d’alma!...

A ser tão repelida!

 

E aqui, aproveitando a condição que podemos d'outros esconder nossas reais

... palavras, deu-se origem... a hipocrisia!

 

A nudez’alma!

Como [ela] é?

De que é feita?

Como é a sua essência?

Somente de palavras?

Quem sabe?

 

Co’a Eternidade um dia estaremos cara-a-cara

Começaria ali uma ininterrupta noite de núpcias?

 

- Deixai-a vir em seu tempo, todavia que ela demore o máximo que puder

E, desta forma, dizem os que co’Ela encontrar protelam

Um desejo inútil, já que o encontro será... inevitável

 

E por que desejamos evitar?

Talvez, por que não queremos nos despir... par’Ela

 

E fato é que nenhum’alma quer isto... no tempo:

Encontrar co'a Eternidade, embora todo mundo gostaria de ser... eterno

Mas, seria por vergonha ou mais seria... por medo?

Ou quem sabe... as duas coisas?

Sei la!

 

Tempo verbal!

Somos feitos... de tempo (no próprio tempo), é verdade

 

Eternidade

O que ela é?

A nossa Mãe-Pai, eis o que ela é

E o que somos?

Logo-logo saberemos

Tenhamos um pouco de paciência!

 

Almas verbais...

E não somos?

Par’aonde vamos no tempo a que nos leva... a Vida?

Oh! Definitivamente melhor não sabermos de antemão a resposta

 

Vivemos no que passamos... neste tempo em que nele peregrinamos

E tudo nesta frágil vida (que na verdade a ser mais forte que a morte)

... é, sem dúvid’alguma... incrível

Simplesmente fantástica

 

Nossas “almas verbais”!

Ou nossas “verbais almas”!?...

E por que assim as defino?

O corpo é apenas um instrumento... (grosseiro)

Na verdade as almas é qu’existem [de fato]

Ainda que o corpo sinta mil coisas:

Dor, calor, ardor...

Embora a alma também tenha as suas "sensações" específicas:

Tristeza, alegria, desejo, medo, ansiedade, angústia, euforia...

 

Como seria o místico espaço das “almas verbais”?

Alguém poderia imaginar?

Somente vozes s’haveria?

Apenas sons... de palavras?

Ou imagens a que seriam pela formação dos “vocábulos”?

Se destarte o for, não estaria vaga... a vida?

Sim, neste vazio das formas que conhecemos...

... no que somente existiria... as palavras (sem corpos)?!

Mas, a verdade é que as almas são mais resistentes que os corpos

 

E, então, n’àquele místico espaço todos se comunicariam?

Que interessante!...

Oh! e não é assim naquele nosso mundo a que se chama “virtual”?

 

E neles – neste ininteligível “espaço” - conversamos... entre nós:

Eu, Tu... os outros

Nossas “almas verbais” ...

 

Tentarei explicar para que melhor m’entendam:

Imaginem as palavras “falando”, mas sem seus corpos

E somente as palavras

Vozes que apareceriam...e viriam...

E que navegariam pelas ondas do tempo

E s’encontrariam entr’elas... (todas)

Vozes somente, e mais nada

Sem sabermos os seus sexos, os seus tamanhos, as suas formas, as suas idades...

Onde haveria apenas...  uma "misteriosa sonoridade"

Alguém é capaz de imaginar?

 

Dormiriam as palavras quando as bocas não falam?

Oh! Só por que impalpáveis aos ouvidos são crê-se pois, que silentes estão as almas?

Quem dera!

Barulhentas por demais elas são... (todas)                                                                                                       

Não as palavras

E mais uma vez eu digo: quem dera!

As almas é que tagarelas por demais são

Alguém sabe em que “espaço” vivem?

Pois eu sei:

Ou no céu... ou no inferno d’alma... de cad’um

 

Nada no universo dorme

Se a natureza por um breve instante cochilasse seria a sua morte

Muito embora tudo nela precisa de seu instante de repouso

Inclusive... as “verbais almas”, às quais [todos] somos

 

O silêncio do Nirvana!

Será que neste tempo alguém deveras conhece ou é tão somente um’outra

... simples “palavra”

Somos feitos de palavras, repito

E somos... "palavras vivas"

O Verbo nos criou...

A se concluir que se somos filhos do Verbo, somos, portanto... “almas verbais”

 

A existência se faz... no tempo

E, sobretudo, a essência

 

Mas, eis agora a mais angustiante pergunta:

E depois do tempo o que haverá?

Par’aonde irão as “palavras" a que nele -  no tempo - viveram?

Qual será o “lugar”... de cad’uma delas?

Em que canto morarão os desejos?... os medos?... e também os sonhos?

A verdade é que ninguém sabe

Talvez, habitarão para sempre... na memória... da Eternidade!

 

15 de setembro de 2022

 

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IMAGENS: GOOGLE

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 15/09/2022
Reeditado em 16/09/2022
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