A Carta.
A Carta.
Ele chegou em casa, abriu a porta, ficou parado olhando o ambiente. Aquele espaço, hoje vazio, foi palco de tantas cenas a dois, onde brigas se entendiam no adormecer, onde festejos eram mais que datas e existia amor...
Fechou os olhos, adentrou o metro quadrado, caminhou até a geladeira, pegou um copo para por água e lembrou...
Há alguns meses atrás tivera uma pequena discussão sobre o vicio do refrigerante, ela, colocara a mão sobre seus ombros e dizia:
"Não sei mais o que faço para que você abandone este vício, a última coisa que desejo é acordar e achar você morto..."
Levantando o copo... Sorriu.
As atitudes tomadas por nós mesmo, ferindo, indo de contra as opiniões de quem nos ama, tesando ser o dono da verdade, causa tantos danos a si mesmo, que, torna o universo particular, numa sela ao ar livre...
Saindo da cozinha, seguiu rumo ao quarto, sentou na cama, olhou pro lado, viu sua esposa/companheira adormecida, pensou não fazer barulho, afinal estava tarde. Lembrou de seus filhos no quarto ao lado, quando ouviu um deles gritar pela mãe, ainda sonolenta ela resmunga:
"Pode deixar, eu vou!"
Ele assentiu com a cabeça...
Após ela ter ido, ele, percebendo a demora para retornar, deu passos até o quarto das criança parou quando viu sua filha debruçada no ombro da mãe falando assim:
"Por que, papai do céu não devolve ele, sinto falta do papai..."
Subitamente aquele choque de realidade...
Uma avalanche de sentimentos, bombardeando aqueles segundos, entre culpa, raiva e por fim... O pedido de perdão.
No criado mudo, a mãe pega a carta que o pai escreveu horas antes de partir e lia para a filha, num trecho, a seguinte frase...
"Amo vocês..."
Texto: A Carta.
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 13/09/2022