No espelho

Me deixa ser o que te faz mal todos os dias pra você chorar, pra que a noite antes de dormir você olhe nos meus olhos e me peça desculpa por tudo, me beije como se o mundo fosse acabar e fazer a noite um grande carrossel de reconciliação. Me olhe com olhos de fogo e me congele, me libertando e me prendendo a cada segundo como se fosse se tornar meu mundo por segundos ou por pequenas eternidades. Me faça dizer palavras que você não entenda, como se isso te fizesse sentir melhor, pra me abraçar e me dizer o quanto você adora isso. Só não me deixe assim, distante por tantos chãos e quebrado como um vaso que agora sem valor não passa de cinzeiro aos olhos dos ignorantes. Não torne meus pequenos mundos eternos em seus olhos como multidões de dores repetidas que eu já esqueci. Me faça sonhar como nunca e me abrace a cada instante, mesmo que eu pareça não querer. É como se a cada segundo que estivéssemos juntos eu quisesse recuperar as horas que passamos longe. Me faça mais dependente ainda do seu corpo e se isso for impossível, faça parecer possível como tudo parece ser quando está ao meu lado. Eu que outrora tinha tudo negro e cinza de fumaça e fuligem, quando me vi pela primeira vez ao teu lado pude enxergar o verde cintilante da vida que resplandecia aos os meus olhos cegos. Como se pudesse converter planetas em luz para mim, você sempre foi mais do que eu esperava até quando eu esperava demais. Se você não pode agora me ver, ouça-me e se não puder entender, melhor assim: esse sempre foi meu ponto forte e você gosta disso.

Vinícius Lima
Enviado por Vinícius Lima em 01/12/2007
Reeditado em 20/09/2013
Código do texto: T760271
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