Desejo
Não temos tudo o que almejamos ter. E quem tem o que quer, logo deixa de querer. Ao fim, a vida ri da nossa existência tão limitada à esse ciclo ambicioso sem fim. Sofremos por um desejo e ao alcançá-lo partimos para um novo, sempre na esperança de que, no próximo, a felicidade estará. Fechamos os olhos às bênçãos que, por mistério divino ou mero acaso nos encontraram e preferimos nos martirizar em um misto de comparação, insatisfação e frustração, que são os sentimentos resultantes da percepção de que há coisas que a nós são impossíveis, enquanto a outros são corriqueiramente simples e acessíveis.
Enfim, o desejo é a raiz do sofrimento, dizia Buda, e das pouquíssimas coisas em que tenho absoluta certeza, essa está em primeiríssimo lugar.