SILÊNCIO FÚNEBRE
Há quem diz que os gritos do Sete de setembro são deprimentes.
Que a gente nas ruas não inspira à liberdade.
Que não representa a democracia,
Que não é um ato do povo.
Há quem diz que os gritos dos excluídos não são legítimos.
Que não há fome entre eles e diante de nós.
Tem quem pense que as cores da bandeira foi apropriada,
Que a pátria não é mais gentil.
Há quem negue que o Supremo seja parcial.
Mas outrora legitimou o golpe jurídico parlamentar.
Agora seriam defensores da democracia.
Os deuses se acham inatacável e intocável.
Os que negam se apropriaram da pobreza como sufrágio universal.
Desacreditam da fé, mas se apegam ao perdão e ao arrependimento.
Pregam a igualdade, mas alimentam o abismo entre as classes.
Representam a si mesmo e distribuem migalhas.
O grito ecoou em silêncio.
A indignação é sufocante.
A polarização é doentia.
Um silêncio fúnebre.