Sobre a morte e o morrer

A única certeza que temos na vida é que iremos morrer ou enfrentaremos a perda de alguém muito amado, e o mais engraçado é que não falamos ou pensamos sobre o assunto, nem mesmo nos preparamos para tal fato.

Somos condicionados a negar sobre a morte ou o morrer desde de sempre, porém se formos analisar ao longo da vida enfrentamos diariamente esses fatos mesmo que não dito.

Por vezes nos matamos para ser aceito, deixamos a nossa essência para nos colocar em algum padrão dito correto, morremos sem ninguém ver, as vezes até ouvimos "Nossa como você mudou!!!".

Será que realmente era necessário a mudança?

O antigo eu foi enterrado, não teve velório, e nem luto, alguns nem perceberam que morreu, mas meu coração sangrou por tal decisão, lágrimas escorreram pelo rosto até a dor ser superada.

Enfrentamos a morte e o morrer cada vez que deixamos de ser nós para viver o outro, cada vez que abrimos mão daquilo que desejávamos para fazer o que o outro quer, quando desistimos de sonhos pelo simples medo de encará-los.

A morte física é algo inevitável, todos nascemos sabendo que teremos que enfrentá-la, ela vem sem aviso, sem data e hora marcada...

Para mim a pior morte que encaramos ao longo da vida são as pequenas mortes diárias, a de personalidade, de vontade, de desejos e sonhos.

Quantas vezes paramos para pensar sobre isso?

Quantas vezes você ja se matou ou deixou alguém matar algo em você?

Que a vida seja vivida da forma desejada e sonhada, que nada a oprima, até o último suspiro inevitável do verdadeiro morrer.

E quando a cortina do grande espetáculo da vida for fechada tenhamos a certeza de que os aplausos sonhados puderam ser vividos, e as lágrimas foram mais de risos do que de tristezas, que possamos viver cada segundo com a intensidade como se fosse o último.