Oiticica

 

 

Quando parei literalmente, para compreender as coisas que julguei haver conquistado, percebi que faltava muito ainda, coisas de um tempo jamais recuperado... encontrei-me depois de alguns anos, debaixo da oiticica, ela bem mais velha e eu bastante envelhecida, quase não nos reconhecemos, porém nos confrontamos, lembrei do pacto que fizemos, d'um tempo longínquo e de uma infância cheia de sonhos e promessas hoje antigas e por defesa, superadas pelas turbulências da vida.

 

O que descobri foi que não dá para carregar comigo alguns sonhos que nunca deixarão de ser somente sonhos, é que eles não dependem somente de mim, quando o nosso sonho pede a presença do outro para se realizar, fica complicado nesse sonho continuar, estando em vias opostas em desejos totalmente errados... então confesso, a bem pouco tempo, eu diria que foi nesta manhã... eu e a oiticica, quase não nos reconhecemos, ela gigante, alcançando céus e eu insignificante e tão reprimida, reprovando alguns passos que dei, alguns degraus da vida que eu não quis subir e ela me perguntando - porquê tanto você desceu?

 

_ É que as coisas que julguei haver conquistado, ah fúlgidos pensamentos, desiludida continuo e sem repostas, retorno sempre ao mesmo lugar, e não basta somente falar de mim, e não contar das coisas que de fato desejei, e desejo... tem coisas que nem digo, pois delas nem sei. Ficamos então assim, a oiticica e eu, tu linda, esplêndida, não contas o que sabes dos meus primeiros passos e do que resta de mim, e de ti? ah apenas te admiro e digo ao mundo, que nada de ti eu sei, levo somente as respostas de um tempo que por lá deixei.

 

 

Liduina do Nascimento
Enviado por Liduina do Nascimento em 04/09/2022
Reeditado em 12/09/2022
Código do texto: T7598503
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