Breves considerações sobre a filosofia de Rudolf Carnap
Carnap alega que as regras de transformações derivam da estrutura dedutiva da linguagem, porém, como diz os sistemas tradicionais, a base das linguagens são finitas, mesmo que suas combinações possíveis sejam gigantescas, ou melhor, o que determina se determinadas regras de transformações são válidas ou não? Poderíamos aqui assumir o pragmatismo de Peirce como resposta e ao observarmos que a crítica de Carnap as concepções clássicas sobre o que é as formas proposicionais é equivocada, pois o significado e o sentido são intrínsecos a unidade mínima de significação _ no devir _, isto é, o vocábulo, percebemos que o que determina a vinda de uma palavra com seu determinado significado são as regras de formação, semelhantes a da frase e por sua vez da sentença. Como a possibilidade lógica de estruturar-se determinada linguagem advém de uma certeza em uma razão cocriadora, podemos aí ter um vislumbre de que sua natureza é metafísica, o contexto, isto é, o ambiente, irá apenas dar uma forma específica aquela linguagem, com seus determinados elementos e relações. A estrutura linguística é o precedente da estruturação morfológica a partir da unidade mínima da palavra e ela do mundo das ideias (conforme a minha concepção), ou por outra, o logos, ou seja, a linguagem é determinada _ também no seu sentido causal _ pela não-linguagem, no sentido de que sua existência comporta nela mesma _ como possibilidade _ sua negação, assim sendo, a essência de toda e qualquer linguagem deve ser a natureza da razão, haja vista, que o significado de uma coisa está sempre a relacionar-se com outros significados, em outras palavras, o significado de outra coisa e o significado deste significado e assim sucessivamente. O signo dinâmico está assim como o objeto em movimento, assim também se comporta tudo o mais que surge neste espaço e tempo, não seria diferente da linguagem, sobretudo, formal, pois assim como o símbolo é a imagem da ideia à interpretar, isto é, a intuição em contínuo sobre a verdade de determinada questão/objeto, a linguagem é também um conjunto de sequências lineares. Dizer que o significado é uma entidade ou suposta entidade é o mesmo que afirmar que é irrelevante a natureza da mente, pois só há significado se há "sujeito significador", isto é, um sujeito portador de uma função significado, que é a intenção. Sendo assim, é o sujeito cognoscente que trás a dimensão da semântica na linguagem. Os possíveis valores que uma variável pode assumir também está em dependência com o sujeito, pois a dimensão subjetiva da valoração advém de uma perspectiva local, interna. As possíveis interpretações nos leva a crer que a semântica é intrínseca a linguagem, onde na verdade é intrínseca ao sujeito ao se direcionar a uma estrutura lógica finita e em constante mudança (S → L), ou por outra, é apenas através da interpretação que faz-se evidente sua insuficiência. A não-linguagem é aquilo que transpassa o limite inerente a linguagem, como neste caso há/é a ratio e como cognitivamente a linguagem e a razão estão em interdependência, esta linguagem e todas as outras têm como antecedente uma de outra grandeza que não esta; esta está apenas a refletir.
A completude se aplica a todos os pares de sentenças, pois cada sentença comporta em si contradição, isto é, "subsistem em contradição", assim sendo, remetem ao não-idêntico. Como remetem não são em si absoluta negação. Para ele uma sentença que não pode ser demonstrada é inválida, as determinadas no universal são teoremas e as indeterminadas são as que não podem ser determinadas, isto é, definidas como válida ou contingente (na terminologia por ele mais adotada, contraválida), para ele nenhuma linguagem deve ter algo como determinante para além do campo da sintaxe, isto é, uma explicação metafísica, porém, possui por vezes elementos extra-formais. Como sua abordagem é mais clássica, assim como na matemática, também é em última instância redutível a teoria dos conjuntos, como o faz ao pôr o conjunto vazio _ dita de sentenças _ como antecedente/causal de ambas as sentenças determinadas, contudo, não explicita como se daria o caso da indeterminada. Ele também diferencia sentenças analíticas _ a priori, todas elas _, contraditórias _ que tem a sua negação como consequência do referido conjunto _, sintética _ o caso em que não se encaixa em nenhuma delas _ e L-determinada que é o conjunto que engloba as não sintéticas. É a partir do conjunto vazio que Carnap deriva todos os outros. Dizer que as sentenças descritivas são sintéticas por se relacionar com o real, pois é o que se está fazendo ao dizer que seu valor de verdade não depende apenas de seus atributos internos _ inerente a uma linguagem _, digo, depende também da observação, é, em última instância, reduzir toda e qualquer linguagem aos seus aspectos formais. Estais, pois, a construir uma linguagem que paira no ar, pois seus fundamentos são irreais. Argumenta ele que qualquer descritiva que eu pôr no lugar de outra será válida, já que seriam igualmente aplicáveis, estais, pois, a ignorar o referente, o mínimo de compromisso que deves assumir que a linguagem possui com o contexto, com os fatos, etc., em síntese, com o real. Não importa, portanto, a valoração que se der as sentenças descritivas, ela será por certo falsa ou verdadeira. Afirmar que todas as valorações de uma descritiva falsa será contraditória é ignorar a imaginação humana conjuntamente com o fato de que toda assertiva não deve-se por si mesma, isto é, está envolta de um ambiente (contexto). Portanto, a questão da verdade é impossível, pois as verdades já fazem-se imperfeitas, são pontuais e ocasionalmente imprecisas. Assim sendo, definir a semântica como produto da interpretação de sentenças que fazem referência a um determinado conjunto de objetos é assumir linguagem em objeto e não assumir objeto em linguagem, ao menos em termos dinâmicos, ou por outra, interacionista. Há de fato pseudo-enunciados, isto é bem conhecido, porém, para haver uma unidade entre interpretações possíveis sob a diretriz das regras de formações (a sintaxe) e sua plausibilidade semântica, deve primeiramente haver unidade entre o referente e o signo, assim sendo, a unidade entre lógica e semântica é uma proposta deveras idealista, pois não há unidade de fato e há mais de uma lógica. Tendo isso em vista, o compromisso que uma determinada sentença deve ter com a lógica está a depender do contexto e de suas próprias regras de formação, isto é, a sua sintaxe. Levando em conta que todo sistema teórico é incompleto ante o real _ como todo _, tal relação de identidade é deveras aproximativa, uma quase-verdade. Para ele a linguagem significativa está diretamente relacionado ao significado inerente ao aparato cognitivo, pois há aqui uma certa adoção do pragmatismo e instrumentalismo, pois ao colocar a lógica da sintaxe como a determinante da verdade conjuntamente com o aparato cognitivo, estás pondo a lógica como um ente abstrato, contudo, produto do orgânico, mesmo ignorando os problemas que seguem-se daí. Entretanto, ele não especifica o que vem a ser o significado próprio do ato cognitivo ou da cognição, pergunto, ideias inatas? Imagem, concepção? O fato mais evidente da aporia é que em sua epistemologia há o processo de percepção, ou seja, o de relação com o real, contudo, como vimos, isto é negligenciado em sua filosofia da linguagem/lógica, também está em confronto direto com o princípio de verificação. Dessarte, os enunciados protocolares é o fundamento do símbolo do absurdo, isto é, as sentenças descritivas. Rematando, para ele tais sentenças trazem o elemento da variável por o serem em si, no entanto, a verdadeira variável é a interpretação, grande parte envolta da subjetividade do indivíduo.