I-LXII Jaezes de vida e morte

Corro à frente, para que me sobre tempo para explicar:

Temo ser vista como uma mulher apaixonada,

frustrada por um fantasma ser trocada.

Temo ser vista como tola e desajeitada,

que, sob as águas, carregava mais do que sustentava.

O dinheiro limita nossos destinos,

os sinais duplicam toda vez que nos repudiam.

Tenho alucinado, mas ainda as coisas separo.

Não é difícil quando sobreviver é a loucura que nos agarra,

nos puxa, nos afunda, nos fragmenta e nos alastra.

Se vejo as estrelas, se presencio o por do sol,

sempre há algo em qualquer lugar que nos faz parar.

É loucura pensar em nos encontrar.

Talvez com dias como agosto em anos embolísticos,

filha de Fanuel e Abraão, teria minha idade escrita

ao acaso por fingir-me morta sobre o chão.

Gozaria dias por dia, noites em uma revelação,

encargos por vida, e paixões por um homem sem coração.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 03/09/2022
Reeditado em 25/12/2023
Código do texto: T7597407
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