I-LXII Jaezes de vida e morte
Corro à frente, para que me sobre tempo para explicar:
Temo ser vista como uma mulher apaixonada,
frustrada por um fantasma ser trocada.
Temo ser vista como tola e desajeitada,
que, sob as águas, carregava mais do que sustentava.
O dinheiro limita nossos destinos,
os sinais duplicam toda vez que nos repudiam.
Tenho alucinado, mas ainda as coisas separo.
Não é difícil quando sobreviver é a loucura que nos agarra,
nos puxa, nos afunda, nos fragmenta e nos alastra.
Se vejo as estrelas, se presencio o por do sol,
sempre há algo em qualquer lugar que nos faz parar.
É loucura pensar em nos encontrar.
Talvez com dias como agosto em anos embolísticos,
filha de Fanuel e Abraão, teria minha idade escrita
ao acaso por fingir-me morta sobre o chão.
Gozaria dias por dia, noites em uma revelação,
encargos por vida, e paixões por um homem sem coração.