Sementes que não vingam
Crescemos com aquela lógica que diz que colhemos aquilo que plantamos. Então tratamos em tentar plantar coisas boas. Afinal, queremos uma boa colheita. Queremos ser bem recompensados pelas sementes que espalhamos por aí. O tempo passa. E começamos a perceber que essa não é uma verdade tão inquestionável assim. Por mais que tentemos semear bons sentimentos, bons gestos, bons afetos, nem sempre as pessoas nos devolvem gratidão, reconhecimento ou carinho. Pelo contrário. Às vezes tudo o que recebemos de volta é a amarga e dolorosa ingratidão. É como se não vissem nossos esforços. É como se quanto mais fizéssemos mais querem que façamos e nunca se satisfazem por aquilo que oferecemos. Sentimo-nos insuficientes. Incapazes. Impotentes. Tudo porque não colhemos exatamente o que plantamos. Só que talvez estejamos plantando nos lugares errados.
“Nem tudo o que plantamos florescerá. Existem terras que não se permitem florir. A solução é plantar em outro lugar” (Diego Vinícius)
Conseguiu compreender a profundidade da citação acima? “Existem terras que não se permitem florir”. Então não há o que façamos que mude isso. Simplesmente há pessoas que estão centradas demais em si mesmas para que percebam o carinho e a querência daqueles que as cercam. É triste. É triste perceber que um dia se cansarão de tentarem lhes demonstrar o amor que sentem. E é triste saber que por essa atitude, por essa incapacidade de serem amadas, tais pessoas acabem solitárias, sozinhas, presas à própria companhia. Mas o que vamos fazer? Continuar semeando sem colher? Também temos necessidade de nutrir nossas almas.
A questão é essa. Por vezes amaremos quem não sabe ser amado. Cuidaremos de quem não está preparado para receber cuidado. Estimaremos a quem não é capaz de enxergar tal estima. Teremos profundos e verdadeiros sentimentos por quem só consegue contemplar a própria existência e se cegou para o restante do mundo. Mas essas pessoas não são as únicas possíveis. Há outras terras por aí esperando por uma semente que gere flores que as ornamente. Estamos dispostos a mudar de lugar? Estamos dispostos a, mesmo que com dor no coração, desistir daquilo que nunca tivemos? É isso. Muitos sofrem por não desistirem de algo que na realidade nunca lhes pertenceu. Muitos apegam-se em fantasias criadas em suas imaginações e não conseguem compreender como a realidade está acontecendo. Mas é necessário. Se quisermos sorrir será necessário afastarmo-nos daquilo que nos faz chorar. Podemos pensar que pertencemos a determinada terra. Mas podemos encontrar outra na qual nossa morada nunca desmoronará!
(Texto de @Amilton.Jnior)