Telas Que Aproximam De Todos E Nos Distanciam De Nós

A boca foi substituída pelos dedos. As ofensas verbais, gritos, calúnias, juras de amor e poesias perderam o som vocal... Elas ganharan o som do "tec-tec" do teclado, ou nem isso, ou qualquer outro som que não seja de voz.

Os risos substituídos por letras, assim como as abreviações, se fôssemos vocalizar seriam uma nova língua falada. Eu não estou reclamando, eu observo, cientista que sou, eu observo.

A boca, os músculos da face perdem tônus, expressão e serventia. Os dedos, os pulsos e o pescoço nos avisam que uma hora a conta vai chegar, vem aí a epidemia de LER (lesão por esforço repetitivo), os novos corcundas, os olhos doentes, um cérebro viciado.

A boca, os dentes, o som, o tec-tec, abreviações. Como será nossa voz?

Telas Que Aproximam De Todos E Nos Distanciam De Nós (nota pra me lembrar de falar com voz)