O PRINCIPAL OBJETIVO
Os seres humanos, na sua estrutura natural, têm duas portas, ou dois corredores, à sua frente, por onde se desenvolverá a sua evolução, que se expressará nas suas opções e na intensidade do seu empenho, mas tudo condicionado e compatível com as suas potencialidades intrínsecas, pré-instaladas individualmente na sua natureza. Por uma das portas, ou corredores, se escoa em caráter permanente, o exercício da sua racionalidade, e pela outra porta o desenvolvimento da sua espiritualidade.
Na esfera racional, o início é na própria família, onde se encontra a primeira fase da sua educação e da sua inserção no contexto social, complementado nas escolas, no trabalho, nas diversões e em todas as opções que forem feitas no curso da vida, constituindo o acervo de experiências acumuladas em todo o percurso, onde o próprio relacionamento entre os indivíduos permite o fácil e compreensível intercâmbio de conhecimentos. Aqui, o conhecimento racional é o objetivo principal da caminhada, que não é longa, pois a vida do ser humano é muito curta.
No âmbito espiritual, o início depende do interesse pessoal de cada um, produzido pelas incursões mentais, que ultrapassam a esfera e o alcance da razão, detendo-se em questões que transcendem os limites da racionalidade, as quais não podem ser transmitidas pelos próprios indivíduos entre si, pois a compreensão somente pode ser estabelecida se houver uma rigorosa paridade na detenção dos conhecimentos espirituais. É por isso, que o maior Teósofo de todos os tempos, Jacob Boehme (1575-1624), autor de um vasto conjunto literário, não é totalmente compreendido, decorridos quatro séculos. Isso ocorre também com a Bíblia, onde a maioria dos leitores fica retida na literalidade dos textos e nas fábulas e genealogias, sem conseguir penetrar na sua substância. O conhecimento espiritual é o próprio conhecimento de Deus, mas é um tesouro guardado no “cofre”, e a “chave” é a Graça concedida na bênção do Novo Nascimento, como se pode observar em João 3,3,5, e como decorrência dessa maravilhosa concessão, acontece o que está escrito em João 16:13,14,25, em Hebreus 8:11,12 e em I João 2:27, com a concessão de dons específicos, conforme I Coríntios 12:1 a 11.
Quando ocorre o Novo Nascimento, nasce o verdadeiro Cristão, que é transferido da Primeira Aliança, onde se encontram os pretendentes a cristãos, vagando pelo deserto e conduzidos por Moisés, para a Segunda Aliança, onde se tornam realmente Cristãos, atravessando o “Mar Vermelho”, agora conduzidos por Cristo, no rumo para a “Terra Prometida”. Nesse percurso da etapa final, o Cristão recém-nascido passa a exercitar os talentos (dons) recebidos, dentro de uma especialidade, o que vem a ser a frutificação na videira de Cristo (João 15:16), conforme a evolução espiritual concedida.
Como efeito da Segunda Aliança, ocorre a transferência das Leis mosaicas das tábuas de pedra de Moisés, para as tábuas de carne de Cristo (na mente e no coração do homem), (2 Cor. 3:3) concedendo-lhe o mais profundo discernimento espiritual, como característica específica do Novo Nascimento, pois o homem, antes de nascer de novo, está morto no espírito, assim como Cristo está morto no homem. Mas, quando a Promessa “...na mente lhes imprimirei as minhas Leis, também no coração lhas inscreverei...” é cumprida (Hebreus 8:10) ocorre simultaneamente a Ressurreição de Cristo e o Novo Nascimento do homem (Efésios 2:5,6), que então passa a viver no Espírito de Deus. Eis aí, em conjunto, o Cristo Homem e o Homem Cristão (o verdadeiro), e não o “cristão de boca”, (o pretendente).
O cumprimento da Promessa é a concretização da Nova Aliança, (a segunda) quando Cristo ressuscita dentre os mortos, que somos nós, os homens, nos quais Ele também estava morto.
Efésios 2:4 a 9 – Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela Graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se orgulhe.
A jornada em busca do conhecimento espiritual mais profundo é exaustiva, exigindo muito empenho, dedicação e disciplina, além de completa isenção sectária, como instrumentos necessários para aqueles que o procuram. Aos que dispõem desses recursos, recomendamos que estudem, além da Bíblia, Jacob Boehme, o simples sapateiro alemão, o maior Teósofo que se conhece, e também C.S. Lewis, Huberto Rohden, Francis S. Collins, Espinoza, onde poderão colher muitos subsídios para ampliar os seus conhecimentos e alcançar o aprofundamento desejado, porém, na adequada proporção das suas próprias potencialidades espirituais, uma vez que esses conhecimentos são transmissíveis somente de espírito para espírito. Nessa jornada, deve-se levar em conta, que a plenitude do discernimento espiritual é obtida apenas pela Graça, que pode permitir até o acesso aos mistérios do Universo. A sua concessão procede da Misericórdia do Pai; do Amor e da Graça do Filho, pelo alento do Espírito Santo! Não há nenhuma outra fonte, mas a nossa parte consiste no interesse em obter a Graça, e nos esforços para alcançá-la.
I João 2:27 - E quanto a vós, a unção que dele recebestes mantém-se em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine. Mas a unção que dele vem é verdadeira, não é mentira, e vos ensina a respeito de todas as coisas; permanecei nele assim como ela vos ensinou.
Para que se tenha uma noção da importância do novo nascimento, de uma forma que não permite a malícia dos sofismas, com as suas convenientes interpretações, basta examinar o seguinte texto bíblico:
João 3:3,5 – Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo, que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Em verdade, em verdade vos digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
Podemos concluir, que não há nada mais importante, para aqueles que desejam o ingresso na espiritualidade, e alcançar as consequências expostas em João 3:3,5, do que obter, por concessão, a Graça do Novo Nascimento, e esse deve ser o nosso Principal Objetivo!