A chegada dos Bon Bagay a Mato Grosso
A obra “A chegada dos Bon Bagay a Mato Grosso”, do imigrante haitiano Adly Gaby, o Gabriel Mato Grosso, jornalista, professor, escritor e poliglota. A obra fala da missão de paz da ONU no Haiti, que teve como um de seus principais participantes o Brasil, chamados pelos haitianos de “capacetes azúis”. O exército brasileiro, por sua vez, chamava o povo haitiano de “Bon Bagay” que no dialeto crioulo quer dizer “gente boa”, uma referência à simpatia, alegria e gentileza dos haitianos para com o exército de paz da ONU.
A República do Haiti é um país do Caribe. Ocupa a porção ocidental da ilha Hispaniola do arquipélago das Grandes Antilhas, que partilha com a República Dominicana. O nome Haiti deriva de “Ayiti”, de origem indígena que significa “terra de altas montanhas”. Com 27.750 km2 o país tem população de mais de 10 milhões de habitantes. O Crioulo é a língua oficial, junto com o Francês. Foi a 1ª nação a se tornar independente na América Latina, em 1804.
Vale destacar que o Haiti é o único país do mundo que se tornou livre como resultado de uma revolta de escravos bem seucedida. O Haiti passa por uma grave crise institucional e política, possui vários grupos guerrilheiros, organizações criminosas que dividem o poder no país que não possui uma força armada estatal. O país é o 145º em IDH, índice de desenvolvimento humano, de uma lista de 182, carente de ajuda humanitária constante. Em 2010, após um terremoto devastador na ilha, o Brasil começou a receber imigrantes haitianos, muitos deles em Mato Grosso.
O termo grego “synora” significa fronteiras. Mas afinal de contas quais são as novas fronteiras nesse mundo tão plural e globalizado em que vivemos hoje? Não há fronteiras, ou pelo menos, não deveriam haver. Somos todos cidadãos do mundo, todos irmãos. As fronteiras existem para favorecer as guerras e a xenofobia.
A obra de Adly conta como foi o início no Brasil, o preconceito, a discriminação por causa de sua cor (negra) e a forte xenofobia, tratamento discriminatório por ser ele imigrante haitiano. Por puro preconceito alguns matogrossenses o tratavam por ignorante, desconhecendo o fato de que Adly possui vários cursos superiores e algumas especializações.
Na visão do escritor o mais surpreendente é o desconhecimento do brasileiro de suas próprias leis, da constituição, e dos diversos tratados de direitos humanos assinados pelo nosso país. E que forma melhor de sermos confrontados com nossas falhas senão alguém de fora, de olhar imparcial, para colocar o dedo em nossa ferida? E se não for para evoluir, o que estamos fazendo aqui? E como evoluir sem raciocinar, sem analisar detidamente os fatos, sem considerar todos os pormenores, sem nos aprofundarmos nos pontos sensíveis e relevantes de nossa sociedade, nossa cultura e nossas leis?
A obra é de leitura obrigatória. Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre...