O Homem Duplicado
Não é sem causa que o escritor português José Saramago, foi premiado com o nobel de literatura. A obra reflete sobre a falta de autenticidade dos indivíduos no mundo globalizado, pessoas duplicadas, cópias umas das outras, falta de originalidade resultante de um mundo consumista e materialista, que diz às pessoas exatamente o que elas são, do que gostam, o que querem e o que devem buscar.
No pensamento grego a identidade é vista como um conjunto de diferenças, que possibilita “identificar” os indivíduos, ou seja, diferenciá-los entre si. A palavra identidade (do grego Taftótita) deriva do latim “identitas” que significa “a mesma coisa” ou qualidade do que é idêntico.
Uma análise ainda que superficial da expressão aponta para seu claro viés comparatório, buscando as semelhanças para então traçar as diferenças. A única maneira de diferenciar objetos ou pessoas é mesmo comparando-os. Descartes ao iniciar suas reflexões sobre a vida se perguntou “quem sou eu?”, e redirecionamos a você a mesma pergunta: quem é você? O que te identifica, o que te diferencia das outras 8 bilhões de pessoas que vivem sobre o globo?
A vida é muito vazia e sem sentido se não podemos nem mesmo nos responder quem nós somos. E como saberemos a resposta de uma pergunta que nunca nos fizemos? Para se conhecer você precisa se enxergar de verdade. Você já notou que nunca se olhou de verdade? Para começo de conversa, fisicamente nós não podemos nos enxergar. Tudo o que vemos de nós mesmos são nossos reflexos, seja em um espelho, seja em uma foto. A única maneira de nos conhecermos é olhar para dentro. Para sermos únicos e verdadeiramente autênticos, nossa diferença não pode estar apenas em nossas características físicas. Precisamos pensar por nós mesmos, refletir sobre a vida, sobre nossos padrões de comportamento, nossos paradigmas, nossos sonhos e desejos.
Aliás, você tem sonhos? Tem certeza de que seus desejos são realmente seus, ou eles foram plantados em sua mente por outra pessoa? Quem é você de verdade? A formação de nossa identidade passa por um profundo mergulho em nós mesmos, para conhecer nossa essência, nossa individualidade. Caminhar com as próprias pernas e sentir a grama com os próprios pés, ter a consciência de cada passo a ser dado e escolher livremente o seu caminho.
Mas para isso precisamos ter a coragem de nadar contra a correnteza. Tente se sentar em uma mesa de bar e pedir um café. Não é lugar de tomar café, eles dirão. Mas eu te digo: quem disse? Quem determina qual o lugar e hora de cada coisa, senão você mesmo? Assuma o controle de sua vida, e começa procurando saber quem é você. Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre...