O Mundo de Sofia
Quem é você? É assim que começa a fantástica narrativa do livro “O Mundo de Sofia”, do escritor norueguês e professor de filosofia Jostein Gaarder. Ele encontrou uma maneira inusitada de estimular os adolescentes a estudar filosofia. Mas e você, já se fez essa pergunta? Quem é você?
Quando nos fazemos essa pergunta teremos como resposta nosso nome civil, nossa origem familiar, nossa profissão, e uma série de atributos pelos quais nos identificamos socialmente, mas lá no fundo, sabemos que nenhuma das respostas nos satisfaz, nenhuma delas responde de verdade à pergunta. Quem somos nós na essência?
A filosofia é a arte de questionar a vida. Ao contrário do que se pensa a filosofia está muito próxima de nós. Ela faz parte de nosso dia a dia. Estamos o tempo todo refletindo sobre nós mesmos, sobre o mundo, e até mesmo sobre Deus. Atualmente somos empurrados pela globalização, pela padronização, pelos anseios pré concebidos. Somos lançados no mundo e logo começamos a correr atrás do próprio rabo, adotando uma série de condutas impensadas, buscando objetivos que nem sequer sabemos se são mesmos nossos.
Como a sociedade pode saber o que devemos fazer, o que devemos buscar, o que devemos pensar, falar, ou como agir, se nem mesmo nós nos conhecemos de verdade? Talvez o mais importante na vida seja exatamente isso, saber quem somos. Só sabendo quem somos de verdade podemos pensar no que gostamos e no que queremos. Sem isso nossa vida é toda desperdiçada, toda jogada fora.
Viver não deveria ser simplesmente passar os dias, mas efetivamente “criar” algo novo, especial, intrinsecamente ligado a cada um de nós. Interessante que o termo grego que indica o ato de criar seja “Poiésis”, ou, poesia. A poesia faz parte de nossa tradição oral desde tempos imemoriais. Há registros da poesia desde o início da escrita, seja em hierogrifos egípcios, gathas de Zoroastro e vedas indianos. Esses registros são de cerca de 3.000 anos antes de Cristo. Quando estamos seguindo nosso próprio caminho a vida é leve e cheia de poesia. É uma vida musical. Isso sim é viver.
Mas isso só é possível se tivermos coragem de romper as correntes do tradicionalismo, pois tradição é exatamente algo que vem sendo feito por gerações, exatamente da mesma forma. Só que não somos iguais. Como pode ser bom que todos tenham a mesma opinião, os mesmos gostos, e sigam a mesma rotina? Parece a você tanto quanto para mim que uma boa parcela de nós estará sempre insatisfeita e infeliz por agir como um robô, seguindo comandos e programas que não escrevemos?
No livro mencionado, a personagem se vê envolva em um turbilhão de questionamentos, e é esse exercício responsável da reflexão e do pensamento, que permite a ela resolver grandes questões existenciais, se descobrir, e “criar” sua própria vida, com o mínimo de interferência e coação externas. E você, não gostaria de pensar com a própria cabeça, e escolher os próprios desejos e objetivos? Como fazer isso se você nunca dá uma pausa para refletir sobre quem é você de verdade, o que você gosta, o que você quer? Sejamos buscadores, procurando sempre, sempre...