I-LXI Jaezes de vida e morte

Há tanto digo ao escuro:

Perdoe meus reflexos, meus péssimos hábitos,

cada noite sinto-me melhor sendo acuado.

Já levo o tempo para perder-se comigo,

atrasado, atado aos embaraços,

um presente como o passado.

Instinto infeliz que me pune por nada,

fez-se em minha casa, tomou-me a alma.

Temendo jogarem-me fora, vi-me perdendo a honra:

"Os erros não são meus, o mundo não se toca!

Chances nada adiantam se o dia sempre volta."

E tudo soa como piada para que alguns guardem mágoas.

Não que eu sinta o que escrevo ou de tudo me abstenho,

é só vício ludibriar-me por inteiro.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 24/08/2022
Reeditado em 25/12/2023
Código do texto: T7590091
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