Encontrei a tristeza
Encontrei a tristeza,
Ela estava sentada em um banco de praça,
Em sua mão direita, uma taça,
Cheia de momentos felizes.
Fui até ela.
Eu poderia passar e seguir,
Penso que, se seguisse, seria indiferente.
Parei,
Outros se foram,
Fui até a tristeza sozinho.
Ousei falar com ela.
Sentamos e conversamos.
Ela até sorriu,
Sorrimos, é bem verdade.
Mas, em seu sorriso, senti o gosto do adeus.
Nos olhamos, é bem verdade,
Mas, em seu olhar, senti o gosto de uma alegria que acabou.
Vi a tristeza bem de perto,
Pude lembrar de tudo que me fez sorrir,
Mas, prevalece o adeus constante que ela escolheu.
Insípido abraço.
Insípida presença.
Insípido silêncio.
A indiferença do olhar da tristeza dói.
Senti o gosto de teu adeus, tristeza.
Antes escolhesse seguir e não parar;
Pelo menos teria a falsa esperança de que tudo estava do mesmo jeito.
Mas, ousei ficar,
Mas, ousei esperar,
E ousei olhar nos olhos da tristeza e vi que não estou mais lá!
A espera do encontro do oposto de tudo passou,
Só me resta lembranças da esperança dos antônimos de minhas tristezas,
Ela escolheu outro caminho: a coerência de uma vida diária de desencontros.
Minha condução chegou e eu parti.
Parti porque ela partiu:
Partiu a mim,
Partiu de mim,
Partiu sem mim,
Partiu.
Me partiu.
De tudo que lembro,
De tudo que guardo,
De tudo que sinto por quem um dia só me fez sorrir: partiu.
Voe! Pode voar!
Tudo que me lembro é tudo que eu tinha quando todo o meu tempo e pensamento era só teu.
Oi, tristeza.
Ela sorriu.
Só lembro que sentei e conversei com ela,
Ela sorriu pra mim
Sorriu de mim,
Só riu,
E eu rio da solidão que me espera em correntezas silenciosas.
De volta a solidão de dias,
Onde, o banco vazio, permanecerá,
Pois que minha tristeza,
Não mais estará lá.
Encontrei a tristeza,
Ela estava sentada,
No banco, não há mais ninguém,
Só vejo uma taça vazia,
Dentro, o meu coração oco assim como os olhos dela,
Que ecoam a minha imagem em preto e branco nela,
E me mostram os dias que apontavam razões pra sorrir.
Onde eu esperava o encontro do oposto de tudo que passou,
Onde, hoje, só me resta lembranças da esperança dos antônimos de minhas tristezas,
No banco da praça de minha solidão,
Onde tudo que eu queria, passou.
Adeus, tristeza.