Diário Mental - Solidão Compartilhada

Virei minha própria prisão. Me tornei o carrasco dos meus sonhos. Onde antes habitava uma alegria boba e simples, capaz de transformar qualquer momento em um belo instante de felicidade, hoje não passa de um oco repleto de medos, incertezas e desesperança. Observo as pessoas e invejo a capacidade que elas tem de conseguir concluir suas tarefas mais simples sem sentir um peso absurdo nos ombros. Peso real, ombros reais, felicidade irreal. Tem sido difícil me definir. Tem sido difícil escrever, refletir, raciocinar. As vezes sinto como se meus neurônios estivessem morrendo um a um, dentro da minha cabeça, e é desesperador sentir que as palavras, que sempre foram o cerne do meu coração, estão me abandonando pouco a pouco. Queria uma folga desse sentimento. Queria compreensão. Mas é cansativo demais expor o que sente para ao fim perceber que a profundidade é só da sua parte e que o outro te ouviu torcendo para que você calasse logo a boca, a fim de expor a sua sabedoria julgadora, sua superioridade, sem se preocupar verdadeiramente nem por um segundo com o que realmente está passando.

Talvez a vida seja mesmo uma solidão compartilhada, milhões de pontinhos solitários na terra que buscam desesperadamente um reconhecimento por seus feitos, seus sofrimentos, sua individualidade. Reconhecimento esse que para a esmagadora maioria nunca chegará. 

Eu tenho muito mais a dizer. Tanto quanto tenho para sofrer. Mas fica para a próxima.