Celas da Vidas
Celas da Vida.
Olhando pela grade da minha prisão, morada de tantos prisioneiros, hoje regida pela parceira de um crime nunca elaborado, mas, que nos força a fechar a porta.
Observo a rua e seus movimentos, arriscando ser repreendido pela lei que impera o lugar, medos nos olhos de alguns, desconfiança dos que se aproximam, o desconforto do tráfico e sua imposição.
Crianças nas calçadas, no meio da rua, xingam, dão o dedo a quem recriminar a "inocente" brincadeiras.
A turma da esquina aponta para minha janela, falando entre si um vem me perguntar o porque de estar ali, neste momento percebo que o banho de sol acabou, hora de retornar a solitária.
Havia vontade de revidar, porém, o respeito pelo seu fuzil fez-me recuar, e, assim como eu, tantos estão pagando por um crime que não cometeu, com horários para sair, confrontado se quiser ver o sol, aqueles que ousam sair fora do horário paga pela ousadia, mas... Se falar grosso, morre.
Texto: Celas da Vida
Autor: Osvaldo Rocha
Data: 17/08/2022