Tempo Criança

Tempo Criança

Onde mora a lembrança?

Um carro-de-boi trafega frente a antiga casa, seu som inconfundível, o personagem à tanger o animal e o cachorro em seu encalço, atiçam memórias antigas.

Havia um tempo em que a lua era fonte de luz daquele velho sertão, ora cheia, noutra nova, minguando ou crescendo, assim como os momentos infantis.

Despindo-me de lembranças está Dode (Albertina) e Gamaliel, os gatos, o Pé de Cajá onde tantas vezes subía-mos e inventáva-mos brincadeiras; não tínhamos o olhar da juventude naquela época, apenas, a inocência.

Inocência no conhecimento, na atmosfera de um Brejo-Grande, nos Bois-de-careta, nas estradas para roça, no primeiro plantio... Exímios tabaréis da cidade grande.

Amores vieram em forma de temporais, ventos repentinos que deixaram marcas, estragos e compreensão sobre amor e paixão.

Estou aqui, embaixo da Cajazeira fitando a casa morta, palco de tantas histórias a beira do lampião, candeeiros e a velha Araci com seus contos.

Tantos se foram, tantos outros partiram, deixando feridas no limiar do tempo, a cor negra daquela a quem guardo no peito, a quem eu intitulo veia, é, a lembrança mais forte do momento.

Pisando neste solo sagrado, baú de segredos do tempo criança, me curvo a vida...

Texto: Tempo Criança

Autor: Osvaldo Rocha

Data: 16/08/2022

Osvaldo Rocha Jr
Enviado por Osvaldo Rocha Jr em 19/08/2022
Código do texto: T7585578
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