Antirreflexo
Cada um de nós traz dentro de si inconsistências da vida...
Não se pode negar que a vida é feita de altos e baixos. Por conseguinte, não se pode negar que não há nada mais mutável que o próprio homem...
Cada um de nós traz dentro de si seus medos e traumas... Às vezes, superados para a continuidade de sua jornada... Às vezes, pelo fruto do pensamento, tornam-se surreais e difíceis de serem suplantados para justificar suas próprias inconsistências da razão.
Não se pode olvidar que nós mesmos somos criadores dos nossos pensamentos. Portanto, esta é uma causa exclusiva que não se pode delegar. Sua delegação pode vir a ser uma questão de fragilidade de caráter...
A incerteza faz parte da vida, do homem e de suas vivências e, principalmente, daquilo que mexe com suas emoções... A certeza das coisas é algo fragmentado para a segurança do pensar...
Nesse mosaico de sentidos e percepções, encontra-se a crise da existência das coisas (reais ou imaginárias), podendo vir a causar desencontro ao sentimento do outro, daquele(a) que amamos...
Nem sempre o passar dos anos traz a maturidade que a vida exige ter, e neste momento, passamos a enxergar o quão frágeis nós somos perante a realidade concreta que se depara em nossa face.
Penso que estar frágil não seja sinônimo de fraqueza ao sentimento, mas de uma demonstração de sensibilidade ao momento vivido, talvez motivada pelo despreparo dos sentidos dados pelo coração, quando não se consegue enxergar o reflexo do espelho que se projeta à imagem do que está diante dos olhos.
Nesse prisma de cores e sensações, tem-se a ebulição dos sentidos aguçados pelo prazer de saboreá-los, mesmo que vivendo à sombra de uma imagem não refletida.
Recife, 17 de agosto de 2022.
Luiz Calos Serpa