Vida Maldita
Vida maldita
Vivo jogado pela ruas desde criança, arrastado, empurrado, pelas esquinas do tempo, de pés no chão e peito nu.
Vejo todo dia a morte nos olhos por onde passo, cadáveres e sangue, fazem parte da paisagem urbana, nas favelas, becos e vielas.
Nas lembranças, meus pais, arrancado de casa sem compaixão, pedindo por piedade, cravado de balas por mãos desconhecidas.
São os retatros de uma vida pregada nas paredes do destino, em meio ao jogo sujo das drogas, sexo e contrabando.
O tempo foi passando, com ele aprendi a manusear armas, fui avião, olheiro, agora sou chefe de boca aos quartoze anos.
Mortes, roubos, traficos, sexo, continuam a fazer parte de minha rotina, quem deve morrer? Não há fuga, mem mesmo esperança.
Aos dezoito estou aqui, encurralado pelos homens, sem saída, sem chance, meus parceiros caídos ao chão, nessa troca de tiros.
Vida maldita, a morte é certa, se me entregar, morro... Se eu reagir, morro....
Vozes incompreendidas, porta no chão, tudo que ouço nitidamente são tiros, meu sangue esvaindo-se do corpo.
Procuro nesse momento por meus pais, não há justiça no meu país, sou prova desta hipócrita, parte desigualdade, parte querer, vivi e morri as margens da aclamada sociedade, vítima deste sistema.
Taxto: Vida Maldita
Autor: Osvaldo Rocha
Data 26/08/2007
Mexendo no meu passado, aberto em minhas mãos (Trecho da música de Roberto Carlos), uma caixa com escritas jovens e tão velhas quanto o tempo pode datar...