Diário mental - Fracasso intencional

Essa estagnação tem camuflado a melhor parte de mim. Pensei em usar a morte para definir essa suposta perda, mas não é exatamente uma perda. É como se fosse um período de férias que se estendem e se estendem até sei lá quando, sei lá por quê.

Fico parada observando a vida passar, fazendo as obrigações do dia, dos meses, dos anos e volta e meia olho no espelho, respiro fundo e me pergunto quando é que as coisas deixarão de ser o que são. Ao que algo bem lá no fundo me responde "mas é isso mesmo que você quer? Se evoluir implica perdas, você está disposta a perder o que for necessário perder, para aí ganhar a emoção que tanto tem sentido falta?" E, conscientemente respondo que não. Não quero perder mais nada, não quero sofrer por ver algo que eu amo indo embora, a troco de sensações boas, novas, mas desconhecidas. Se alguém um dia entender o que quero dizer com tudo isso, ou pior, se alguém se identificar com as coisas que coloco aqui, a terei como uma alma gêmea filosófica. Pois me parece impossível que qualquer pessoa seja capaz de saber com exatidão que confusão é essa que me espreme e me limita a olhar um futuro supostamente brilhante e ainda assim negá-lo em prol de um conforto emocional tão cômodo.

Dito isto, volto aos meus péssimos hábitos, a minha procrastinação costumeira e aos devaneios que, paradoxalmente, são o que mantém a saúde da minha mente. Volto ao meu fracasso intencional.