Horas
Quero um analgésico das horas em tempos difíceis, pois elas doem para passar. Jogá-las num acelerador de partículas e já me ver do outro lado da esperança, no lugar que ela, meio moribunda consegue me enxergar. É ela, a esperança, que tal qual um programa de reabilitação joga luz nas minhas vitórias, mesmo que minhas derrotas me assombrem. Ela sabe que sou um impaciente terminal. Ela não fala “Só por hoje”, pois um hoje tem 24 horas e 24 horas é um fardo muito pesado para minha musculatura motivacional. Então me pede mais um suspiro, quando pensava já ter dado o último e, quando julgava exauridas todas as minhas forças, considero dar mais um.
As horas parecem se divertir, mas os suspiros vão se repetindo, não pela propriedade de uma força guerreira, mas pela inércia que não me deixa baixar a guarda.
Horas malditas!
Às vezes penso que me acostumei com a dor, às vezes penso que ela está suportável, então quando percebo aquela hora que ria de mim já passou, mas outra dor e outra hora aparecem.
E no litígio da dura realidade com o quadro azul pintado pela esperança para o depois do passar das horas sigo, mais por teimosia do que por fé, com aquela que me trouxe até aqui, mesmo que ela não me precise o quando, me instiga a perseverar e acreditar no advento do quadro azul.
Mas quando será?
As horas riem...