Pensamentos de uma tarde fria e solitária
Pois é, Lobão estava certo quando disse que chovia lá fora e aqui fazia tanto frio. Onde é "aqui", exatamente? Por muito tempo pensei que ele falava sobre a própria casa, mas hoje percebo que ele, muito provavelmente, estava se referindo ao seu interior, ao furacão de sentimentos e caos acontecendo bem ali. Assim como ele, também tive vontade de saber aonde está você. Mas quem é você?
Eu tenho refletido sobre ser um solo fértil para ideias, trocas e conexões e, por muito tempo, me senti como uma ilha paradisíaca com terreno absolutamente hóspito, mas que ninguém escolhe como destino. Quiçá para uma viagem rápida ou despretensiosa. Mas ninguém nunca escolhe como destino final. Ninguém nunca escolhe ficar.
Com a modernidade e as crescentes relações líquidas descritas por Bauman, me pego divagando sobre os padrões que os filmes de romance nos fazem idealizar. Não me entenda mal. Eu realmente não creio que encontrarei o amor da minha vida numa padaria após pedir sua ajuda porque fui comprar pão de queijo, esqueci a carteira e fiquei sem 4g para efetuar um pix. Mas ao mesmo tempo sou uma mulher absurdamente propensa a se apaixonar. Não de cara. Não após meia dúzia de palavras trocadas. Meu modo de funcionamento exige mais profundidade e intelecto do que uma simples atração. Mas quando digo sobre os padrões dos filmes de romance, me refiro à paixão em si. Já reparou que os filmes (quase) sempre terminam após muita paixão e conflito, dando a entender que o amor é o destino final? E que o que nos entretém é, na verdade, a paixão?
Acho que estou apaixonada por estar apaixonada. Estou apaixonada por um sentimento. Nesses casos, me pergunto se eu não estaria, inconscientemente, usando as pessoas com as quais me relaciono para satisfazer o meu desejo em vez de partir para um destino final em conjunto. Porque, na maioria esmagadora das vezes, as pessoas foram bem abaixo do que eu achei que merecesse.
Aonde está você? Me telefona!
Mas acho que eu preciso ficar sozinha.