Na tampa do meu chão

Na tampa do meu chão, plantei meu pé de céu

Minha sombra, minha loucura, meu limite de expansão

E à sombra desse céu foi que plantei meu pé de chão

E nele pisava eu, e todos pisavam nele

Gente, bicho, inseto, cheiroso, fedido, cristãos fariseus, ateus...

Mas, algo aconteceu que a gente que era gente, em bicho se transformou

E os bichos que viriam a ser gente,

Mas antes a gente os matou

Nas matas, secamos rios

Nas beiras de rio não tem mata

Animal mata só pra comer

Me diga um motivo que homem nao mata?

Estupramos matas virgens,

Matamos virgens estupradas,

Só nao matamos o estupro à virgens

Nem estupramos a morte às matas

E tudo vamos comendo, consumindo

Do verde até o cinza, de janeiro ate janeiro

Mas, quando tudo acabar

Na tampa do chão do mundo

Iremos beber urina,

E vamos comer dinheiro.

Welvet winkler
Enviado por Welvet winkler em 08/08/2022
Reeditado em 25/04/2024
Código do texto: T7578162
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