Na tampa do meu chão
Na tampa do meu chão, plantei meu pé de céu
Minha sombra, minha loucura, meu limite de expansão
E à sombra desse céu foi que plantei meu pé de chão
E nele pisava eu, e todos pisavam nele
Gente, bicho, inseto, cheiroso, fedido, cristãos fariseus, ateus...
Mas, algo aconteceu que a gente que era gente, em bicho se transformou
E os bichos que viriam a ser gente,
Mas antes a gente os matou
Nas matas, secamos rios
Nas beiras de rio não tem mata
Animal mata só pra comer
Me diga um motivo que homem nao mata?
Estupramos matas virgens,
Matamos virgens estupradas,
Só nao matamos o estupro à virgens
Nem estupramos a morte às matas
E tudo vamos comendo, consumindo
Do verde até o cinza, de janeiro ate janeiro
Mas, quando tudo acabar
Na tampa do chão do mundo
Iremos beber urina,
E vamos comer dinheiro.