Os Yogas Sutras de Patanjali - Baghavad Gita

A obra “Os Yogas Sutras de Patanjali”, textos clássicos da tradição hindu compilados por Patanjali, entre o ano 200 a.C e o ano 400 d.C são um tratado de yoga, que ao contrário do que a maioria acredita, não se trata apenas de técnicas de respiração e relaxamento. Não é sobre fazer posições físicas e respirar de determinada maneira para ficar mais calmo ou encontrar paz, tão somente. Não se trata de uma pausa na correria do nosso quotidiano agitado. Sim, é isso também, mas não é só isso. Yoga na verdade são práticas variadas que tem por objetivo a evolução humana em todos os aspectos de sua existência, então, sim, cuidar do corpo e da mente é yoga, mas também é yoga sua conduta, sua relação com você mesmo, com a natureza à sua volta, com as outras pessoas, e em especial, sua busca pessoal e intransferível pela espiritualidade e crescimento pessoal.

O yoga é uma filosofia de vida milenar, desenvolvida na Índia há mais de 5.000 anos. É dividida em 8 partes, a saber: Yama – valores morais e éticos, autocontrole e práticas sociais; Niyama – valores éticos e morais, autorregulação e práticas pessoais; Asana – prática física e posturas, posições; Pranayama – controle da respiração; Pratyahara – absorção dos sentidos, abstração dos fatores externos; Dharana – concentração; Dhyana – meditação; Samadhi – autorrealização, estado elevado de consciência.

Além de redução de estresse e ansiedade, melhoria do bem-estar e saúde física e mental em geral, a finalidade última da yoga é promover um estado de elevação espiritual, um aumento do nível de consciência e percepção de mundo, através de um profundo conhecimento do si-mesmo, do universo e da vida. No yoga há um profundo respeito de todos com todos. É você quem traça sua jornada, pois só você pode caminhar o seu caminho. Não há cobranças nem imposições, apenas orientações e sugestões amorosas. No fim das contas a decisão é sempre do adepto. Decisão livre e consciente.

O mais interessante na obra é o fato da espiritualidade ser tratada como algo completamente natural, parte integrante do ser humano, tanto quanto a visão ou a audição. Por ser algo inato ao ser humano, a espiritualidade na yoga é tratada de modo completamente desvenculado de religião. Não é necessário religião para viver a espiritualidade. A yoga é uma filosofia de vida, uma ferramenta eficaz para nossa evolução como pessoas, e não uma rotina religiosa.

O maior exemplo disso é a obra "Baghavad Gita", outra obra milenar da tradição indiana, que trata da conversa do deus Krishna com o guerreiro Arjuna. Tendo uma batalha que se precisa travar como pano de fundo, a obra fala sobre hábitos - bons e ruins - e suas consequências, reencarnação, autoconhecimento, evolução e elevação espiritual, e muito mais.

Simbolicamente a guerra travada pelo guerreiro Arjuna faz referência a nossa luta pessoal por autocontrole, único caminho de elevação. O "si-mesmo", ideia de sua verdadeira essência do ser, deve empreender guerra contra os maus hábitos, contra os vícios, contra toda e qualquer dependência que tenhamos do corpo e da mente, que devem ser subjugados para que o "si-mesmo" possa ser livre, senhor de si, e portanto, autorealizado.

Com toda certeza o mais importante é o ensinamento de que, muito embora você possa receber ajuda, tanto de seres iluminados como das próprias divindades, no seu caminho evolutivo, o trabalho é seu, e só seu. A obra traz claramente a ideia de que não há ninguém vindo nos salvar, e nós precidamos salvar a nós mesmos, salvarmo-nos da ilusão, conhecendo a verdade, e salvarmo-nos da prisão que é o ciclo interminável de ação e reação, causa e efeito, ato e consequência.

A lição que tiramos de ambas as obras é que devemos nos apegar a boas práticas, bons hábitos e bons ensinamentos, e segui-los fielmente, nos esforçando na guerra interna da luz contra as trevas, nos logrando ao final vitoriosos não em vencer os outros, mas em vencer a nós mesmos, como aconselhou o Rei Salomão em provérios 16:32 ao dizer que "melhor é o que domina seu próprio espírito do que o que toma uma cidade inteira".