Morrer

Enchendo minh'alma daquilo que outrora deixei de acreditar... quando toda esperança se foi...

Vou tecendo um quadro de fantasias ...

Onde a felicidade fica logo depois da curva do bosque de salgueiros cantantes...

Onde o amor é cantado de verso em prosa por pintassilgos revoando sob a luz difusa da aurora...

Onde fadas e duendes ondulam pela verde relva murmurando segredos tão antigos como o mar...

Ao adentrar esse santuário...percebo aos poucos que já não teço a tapeçaria ...agora já faço parte do quadro...

Vou me perdendo por em meio ao arvoredo ...aos poucos me despindo da minha existência...

Aos memórias difusas e sentimentos perdidos de minha infância regressam ao meu peito qual aves em migração.

Já não me lembro da minha parca existência terrena... de agruras ou penúria....

O bosque me acolhe como a uma velha amiga que se fora a muito tempo...

Parece estar em festa pra me receber...

Já não sinto dores ou pesares...nem lágrimas ou saudades...

Minh'alma canta de alegria ...sou menina novamente ...feliz... despreocupada...num mundo de fantasias muito mais real que qualquer outro...

Se você espiar pela fresta do levantado véu da magia ...tenho certeza que verá uma menina de pés descalços...cabelos ao vento...vestida de neblina ...a bailar com as fadas em uma clareira .

Livre...Feliz ...renascida após o cessar de sua existência...