Intuição
Soou uma voz interna, não sei ao certo, é como uma intuição! Sinto que minha alma e consciência se uniram em uma vibração rítmica tão intima...
Hoje fecho os olhos e percebo todos os meus sentidos diferentes. Ouço com interesse, verbalizo com presença, sinto em verdade e vejo com atenção tudo que se apresenta. Ah... Quem me dera ter percebido essa latência antes... Quem me dera ter incendiado o peito antes de criar tantos medos, antes de ter escondido a face, antes de construir os muros de separatividade que aprisionaram minha alma.
Mas aqui estou aos 30 (trinta) anos de idade, segurando minha arma mágica (vontade), destruindo os blocos que levantei na ignorância da minha própria descoberta. A cada movimento de lapidação, sinto que minhas células, átomos e partículas se fundem no mistério que nasce da unidade para a multiplicidade e me torna mais humana, mais real, mais Eu. Mas, quem sou Eu afinal? Pergunto porque ainda não desmanchei todos os blocos que ergui, não consigo me ver por inteira e ainda sou minha própria desconhecida. No entanto, vislumbres aparecem em relâmpagos toda vez que desfaço um pedaço desse muro... Essa fricção provoca um fogo tão claro e resplandecente que me lança as estrelas. Serei eu a poeira cósmica que se desprendeu do infinito para dançar a valsa marchante dos corpos?
- Risos. Isso não me assusta! Pensar que estou dançando entre vivos, mortos e mortos-vivos enquanto descubro minha essência é como ser a noiva de mais excelso amor ensaiando os movimentos para o grande encontro, o momento em que os passos cessam porque já se está a presença do amado.
Enquanto isso... Toda vez que o ar encher os meus pulmões, que eu recorde de ter leveza. E toda vez que meu coração bater, que eu recorde do ritmo que ordena os meus passos... E enquanto não me torno quem Sou, que eu enfeite a vida com a beleza da minha alma valsante até o dia em que encontre o meu amado Eu, sendo com ele a multiplicidade encontrando a Unidade.