QUANDO NAQUELA TARDE EU TE ENCONTREI

   A tarde estava calma, fria, poucas pessoas caminhando pela rua e apenas um ou outro carro circulando. O vento soprava um tanto brando, uma corrente de ar que alternava na velocidade de uma tarde melancólica. Foi nesse momento que resolvi descer do velho sobrado onde morava sozinho, estava entediado e louco de vontade que algo diferente acontecesse. Foi então que meu desejo se concretizou, foi quando naquela tarde eu te encontrei.

   Nada voltou ao normal para mim, mesmo olhando a rua quase deserta, quase nenhum veículo por ali passando, o vento sempre frio a me fustigar o rosto gelado e a continuação do tédio que me fazia de refém deixaram de ser uma constante. Mesmo acontecendo alguma coisa diferente a minha mudança foi para pior, desde quando naquela tarde eu te encontrei.

   Essa concretização do que eu esperava que acontecesse não foi exatamente o que esperava. De início até pensei que sim, mas foi um ledo engano. Aquele parque na frente do velho sobrado onde era minha residência me entediou ainda mais, nem tinha vontade de descer, porém uma força estranha me obrigava e eu descia, tudo isso desde quando naquela tarde eu te encontrei.

   Eu descia forçado enganando a mim mesmo, pois sabia que não eras de carne e osso, eras apenas uma visão numa tarde de frio intenso que me chamava para te apreciar, para me fazer sofrer além do limite de um ser solitário. Tua beleza me ludibriou, tentou me fazer acreditar que existias. Pura maldade, tudo isso desde quando naquela tarde eu te encontrei.

Moacir Rodrigues
Enviado por Moacir Rodrigues em 02/08/2022
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