AMOR E SEXO

 

 

Engraçado eu vir agora falar desses dois temas, principalmente de sexo nesta altura da vida. Pois aí é que está a questão, já vivi bastante para ter uma noção mais clara de ambos os assuntos e poder vê-los em perspectiva, com um certo distanciamento.

 

Quando eu era estudante universitária tive meu primeiro namorado, de verdade. Eu o conheci em uma festa organizada pelo Centro Acadêmico de Medicina da UFPR, onde eu também estudava Letras. O rapaz em questão era aluno de Administração, na mesma universidade. Nos demos bem e continuamos o namoro por algum tempo. Ele era bom de conversa, companheiro e dançava muito bem. Não perdíamos as baladas no mencionado Centro Acadêmico. Porém o sexo deixava a desejar. Enquanto ainda namorávamos, conheci aquele que seria meu marido. Foi por acaso e eu soube que seria meu par porque ouvi coros de anjos e toque de trombetas. Era bem mais velho que eu e o encantamento de ambas as partes foi imediato. Nossa conversa era muito boa, aliás, considero inteligência e conversa boa dois grandes afrodisíacos, como disseram em seu livro “Que Ninguém nos Ouça”, Leila Ferreira e Cris Guerra. O sexo de qualidade foi consequência. Não mais nos separamos, foram trinta anos de relacionamento feliz. Claro, houve conflitos, poucos, mas sabíamos lidar com eles. Também nunca nos casamos, não houve cerimônia, assinatura de documentos, testemunhas. Saber que éramos livres e estávamos ali, os dois, só por querer, era reconfortante. Ríamos muito juntos, havia delicadeza, humor, carinho, romantismo, atração sexual e leveza.

 

Entretanto, como tudo na vida acaba, ele ficou gravemente doente, uma severa insuficiência cardíaca o levou. Cuidei dele durante a enfermidade e quando partiu fiquei muito triste, desolada, desamparada.

 

Com relação ao sexo, cada casal tem uma dinâmica própria. Conosco, o dia-a-dia apaixonado dos primeiros tempos transformou-se em companheirismo e carinho. Cenas tórridas de sexo sobre a mesa ou a pia da cozinha ficam bem em novelas e filmes. Casamento também se ressente de excesso de sal e pimenta. Podemos ser criativas sem fazer strip-tease ou gastar todo o salário com lingerie sexy. Se o casamento acabar não vai ser por falta de criatividade na cama, já estava condenado em primeira instância.

 

Nós mulheres, tivemos um tempo em que éramos proibidas de sentir prazer, agora somos obrigadas a ter prazer. Nos é cobrado que sejamos boas mães, excelentes donas de casa, eficientes profissionais e ainda termos uma sexualidade invejável. Como? Parece que ninguém nota que somos afetadas pelo cansaço, o passar do tempo, as preocupações, o excesso de trabalho, a falta de dinheiro. E os homens também se ressentem destes mesmos problemas.

 

De minha parte, fui aprendendo a questionar e a desobedecer regras pré-estabelecidas. Orgasmo nunca foi obrigatório. Também não acreditei que é preciso fazer acrobacias na cama para agradar ao parceiro. Haja preparo físico! Às vezes, as preliminares são melhores que o sexo propriamente dito. Um beijo gostoso já é romântico, um toque especial no corpo da outra pessoa...é uma alquimia, algo muito válido, sexo pode nem ser a coisa mais importante. Tesão não segue cartilha e pode ser diferente para cada casal.

 

Jamais acreditei que pudesse encontrar outro companheiro na terceira idade, mas aconteceu. Novamente, não nos casamos, e a vida segue seu curso, na mesma dinâmica da primeira vez. Está dando certo até agora.

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 30/07/2022
Reeditado em 30/07/2022
Código do texto: T7571332
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