Breves considerações sobre a filosofia de Wittgenstein _ 2
As composições gramaticais de acordo com Wittgenstein (ignorando o fato de que atuam como fundamentos, como regras de teste para os jogos de linguagem) são análogas ao primeiro plano de determinação da linguagem de Puntel, ou seja, o contextual, pois no plano contextual-cotidiano, ao ser utilizada na e para a comunicação proporcionando um recíproco entendimento, corresponde ao que tem que significar, assim sendo, é totalmente determinada. Não tendo um raciocínio sobretudo linguisticamente articulado, a determinação da linguagem precederá do contexto, que é a comunicação no cotidiano. E as proposições gramaticais para Wittgenstein _ que aduzem a forma de sentenças empíricas _, tendo sida esclarecida, elas expressam convicções. Nos faz também crer que qualquer significado é dependente do contexto. Porém, para Puntel o conteúdo informativo é previamente "dado" (não como o senso comum _ "dado aos sentidos" _, mas como um termo técnico para indicar que aquilo que é expresso por uma sentença é uma proposição), linguisticamente articulado, enquanto que em Wittgenstein ao não se diferenciar (o significado) pela proposição discursiva, e sim pela compreensão do significado (SS) e compreensão do significado do falante (SF), se funda _ ou tem como sua assunção mais basilar _ nas regras gramaticais, que são ao mesmo tempo regras semânticas e regras da ação (comportamento linguístico), que por sua vez, semelhante o é a sua significação da linguagem no ato _ vide "atos de fala" de Searle, as análises a partir das convenções de D. Lewis, e os símbolos para Peirce.
Como a linguagem natural serve de ponto de partida e se faz necessário para a elaboração de teorias o desenvolvimento de uma linguagem que supere as pré-concepções acerca do mundo (o que denominarei de "concepções dadas") para aí, então, concebê-lo como tal ou o mais próximo disto, como a determinação do primeiro plano da linguagem se dar pela dimensão externa à linguagem (pois não há reflexão acerca dela) e como o segundo plano (o pragmático-linguístico) adquire uma determidade mista, isto é, ao mesmo tempo é externa e interna a linguagem, após emergir da reflexão acerca da utilização da linguagem natural no seu contexto, o terceiro plano (o semântico) é o mais adequado a filosofia, pois as sentenças proferidas nesse plano ao serem prepostas por um operador pragmático só entenebreceria a coisa mesma investigada, pela razão que, o "significado" (determinidade semântica) das expressões linguísticas é certificada "através de uma ação linguisticamente articulada com o operador de sentenças" (A centralidade da linguagem na filosofia sistemático-estrutural de Lorenz Puntel _ Ednilson Gomes Matias).
Portanto, a representação de Wittgenstein está alicerçada na determinidade semântica linguística da sentença, que é dada pelo fator externo (ação de afirmação) e interno, a articulação linguística dessa ação. É também por este motivo que sua filosofia é insuficiente. Na medida em que, há (ou deve haver) distinção entre 'entender' e 'raciocinar' na neurociência e, visto que, é no 'raciocinar' que a 'representação mental' acontece, assim como a 'consciência no impresso', que é a percepção, a diferença subjaz em questionar se há ou não fundamentação para os processos combinatórios endógenos na sua significação do 'entender', isto é, se ela é autônoma ("tem a sua significação por si/em si"), ou se está a depender de "outra coisa" que a priori é possibilidade. Se não, toda a linguagem (e não só a natural _ Kripke) é autorreferencial.