COMO A GENTE MUDA COM O TEMPO!...
A gente é que muda ou o tempo que muda a gente?
Não sou mais aquela, cujos olhos inocentes olhavam o mundo, desejando com ele crescer; querendo ser baliza nos desfiles cívicos da escola, quando tímida, obesa e pobre, cabia o espaço entre os comuns de uniforme escolar; ser anjinho em um tempo que não existia anjos negros.
Havia tanta coisa que eu queria ser, ter, conquistar...
Há tantos planos que não concretizei...
Tantos sonhos...
Não sou mais a entusiasta que sonhava ser pianista, ou artista plástica; que adorava passar horas ouvindo ópera ou áreas sinfônicas; que mergulhava na literatura e saia desse oceano permeada de mundos em todos os poros; que adorava desenhar e pintar, escrever. E hoje, mal consegue ter qualquer inspiração.
Os anos foram dando-me experiência de vida, arrancando de mim algumas ilusões, esmagando algumas expectativas, criando calos nas minhas emoções, dilacerado alguns sonhos ainda pulsantes.
Não tenho mais sete anos de idade, já há muitos anos que debutei. Perdi a inocência e descobri a malícia do mundo, junto com suas mágoas, seus ranços, suas dores.
O tempo vincou em minha derme sua geografia, impôs nos meus ossos, órgãos, na minha carne e musculatura, sua vontade imperativa. Amadureceu-me a mente e os sentimentos. Forçou-me a ser adulta e a envelhecer.
O tempo me amassou como barro, e me moldou, desenhando-me aos moldes do meu destino. Sou como barro nas mãos do oleiro divino.
Não há orgulho em ser barro, mas em ser moldada para um propósito maior: enquanto respiro, louvo ao SENHOR.
Então, só tenho que agradecer:
Obrigada por me moldar todos os dias, desde o primeiro da minha existência, no ventre de minha mãe...
Irene Cristina Dos Santos Costa - Nina Costa , Mimoso do Sul, Espírito Santo, Brasil.