Alguns morrem e Outros fazem aniversário

Nos deram uma receita de bolo de uma vida perfeita, nos disseram que o padrão que é o caminho certo, que não falar palavrões e ir a igreja aos domingos a vida seria melhor, que estudar dez horas por dia e acordar cinco da manhã é sinônimo de sucesso, mas a gente descobre logo ali no início da fase adulta ou depois que conquista o primeiro diploma que não é bem assim.

Que fotos de família sorrindo nas redes sociais as quintas feiras com o seu pet não quer dizer que a vida é boa o tempo todo. Ao contrário, cria-se rótulos e suscetíveis ilusões aos olhos de quem vê, que sua vida está no caminho errado, que você também não chegou ao pódio por não ter méritos suficientes. Mas a verdade é que a vida é mesmo instável e lá fora é um caos e somente pensar positivo e fazer seu dever de casa não significa que você vai encontrar o pote de ouro no final do arco íris.

E muitos quando descobrem isso, acordam para uma realidade que não está muito distante das pequenas fantasias que foram criadas e preferem morrer do que fazer mais um aniversario, preferem apagar as suas vidas do que lembrar o como seria a vida se …

Mas ninguém disse que seria fácil, que a vida seria como um simples apontar de direção de quem pergunta aonde fica a padaria mais próxima e chegando lá o padeiro não tem nada além de pão, todos numa mesma fila diferenciando apenas pela quantidade que cada um quer e fazendo isso dia a pós dia sem nem notar muitas vezes o que está na nossa frente. Mas a vida não para a vida –viva em nós insiste em germinar. As vezes imersas nas dores de todos os dias, nessa demanda que insistimos em apelidar e normalizar como “correria” nos distraímos de perceber quais são as nossas responsabilidades e as nossas tantas competências. Logo não paramos e nem perguntamos porque isso? Porque aquilo? Ou simplesmente o ato de observar e tentar refletir quais rumos isso está levando. Pois pode chegar um momento que seja tarde demais, não que exista uma validade para os sonhos. Eles provavelmente sejam eternos, mas vai chegar um dia que talvez seja o seu último aniversário e não vai ter ninguém lá para ver você soprar a vela.

Ninguém além de você mesmo, ninguém além de suas necessidades gritando por mudanças, pedido para desatar os nos que foram se construindo sem que você se percebe-se, abdica-se de se mesmo em pro de que? Eu não sei, eu não tenho a menor ideia, mas posso dizer que sua mudança, seu movimento de desconstrução será desconfortável para alguém, mesmo que seja benéfica para você, mas isso não pode te impedir de continuar, de seguir tentando até o seu último aniversário. Esse texto é em memória de um amigo que resolveu encerrar o seu próprio ciclo de vida há alguns dias.

EdCsilva
Enviado por EdCsilva em 21/07/2022
Código do texto: T7564383
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